domingo, 31 de janeiro de 2010

Talvez ser tão diferente dos meus pais seja mesmo resultado da convivência com eles durante todos esses anos. Talvez se eu tivesse pais legais, eu fosse uma idiota como eles são. Mas eles também não tiveram pais legais, o que não justificaria eles serem idiotas, uma vez que o maior desejo de qualquer um que tem pais não-legais é conseguir ser diferente com os filhos. Então qual é o sentido por trás disso tudo? As vezes penso que merecia pais melhores, mas vejo que a incapacidade de ambos para criar um filho acabaram moldando minha personalidade.

Não é que isso seja bom. Ao menos não em 100% do tempo. Meus medos vem também dessa relação, e eu seria mais feliz sem eles, haja visto que são totalmente dispensáveis. Mas na maior parte do tempo eu me sinto muito bem por não ser como eles. Eu me sinto bem por não ser ambiciosa e cruel como eles conseguem ser. Mas eu me sinto mal por ser sensível e ainda vulnerável aos atos imbecis que eles cometem. Porque acho que minha maior fraqueza se chama sensibilidade. E eu não sei ser insensível. Eu não consigo não me sentir mal. Dói por dentro, dá vontade de chorar. E eu estou realmente cansada de entrar em banheiros, sentar e chorar. Eu já perdi as contas de quantas vezes isso já aconteceu. Eu merecia mais.

Sei que tenho que me conformar que as pessoas são o que são, e que não milagrosamente mudar. Mas me conformar não vai mudar o que sinto.

Um dia eu vou embora, e quando eu for não vou olhar pra trás. Nunca mais.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Porque eu odeio o twitter

Eu acho uma coisa totalmente sem propósito. Não conseguiria me adaptar a tão pouco espaço, nem a falar a todo instante o que estou fazendo. Aliás, falar o que se está fazendo virou uma coisa completamente secundária por lá. O bom é conseguir ser legal, profundo ou engraçado usando tão poucos caractéres. E qual o propósito disso tudo? Ser seguido. Todo mundo quer ser seguido. Todo mundo quer ser famoso, e é mais fácil ser famoso com um twitter ou um blog banal do que falando algo que preste. Todo mundo quer patrocínio pra falar merda, quer receber brinde em casa e trocentos comentários vazios do tipo "amo você XD", vindos de pessoas que não te conhecem nem o mínimo pra gostar, que dirá amar.

Acho que nunca vou me adaptar a essas ferramentas virtuais mais modernas. Eu não nasci pra isso. Eu trocaria agora mesmo meu computador por uma máquina de escrever e uma enciclopédia Conhecer, mas como tento me adaptar a pelo menos alguma coisa, continuo por aqui.

Já experimentei do prazer dos vários comentários, dos seguidores surgindo do nada e dos pedidos "posta isso", "posta aquilo". Durou uns dois meses. Na primeira semana foi super legal, mas depois me parecia uma obrigação. A coisa vai ficando meio doente, porque você pensa "se eu não postar agora, as pessoas vão parar de comentar". Um belo dia enchi o saco e larguei de mão. Prefiro o total anonimato, o blog sem comentários e essa vida pacata, até o dia de ser reconhecida por alguma coisa descente. Por alguma coisa maior, mais importante, que beneficie realmente alguém.

E esse tipo de coisa, definitivamente, não se consegue respondendo o que se está fazendo agora. Vai muito, muito além de você. Vai além do pessoal, está no extremo oposto: Significar alguma coisa não é ter seu nome lembrado, mas sim ver o que você fez ajudando uma porção de gente a seguir em frente. E isso é totalmente coletivo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pinel

Essa semana sinto que fiz tudo pela metade. E as aulas ainda nem começaram. Minha cabeça precisa mesmo do final de semana.

Eu tô misturando lide com sous vide com forno combinado com expansão imobiliária com revolta, gula e curiosidade gastronômica.

Eu vou ficar maluca. Vou terminar o ano no Pinel. E tenho dito.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Dandara e a bolha, a vida e o mar.

Dandara acorda de manhã, toma um banho rápido e se veste pra sair. Olha o relógio, seis e pouca da manhã. Coloca uma música pra tocar enquanto tenta arrumar o cabelo. Ela pensa na vida, na bolha e no mar.

A vida é isso aí que a gente vê. Vemos a vida nos jornais, nas revistas, no posto de gasolina e no monte de merda no chão do ponto de ônibus. O monte de merda cheio de moscas, que faz tudo feder ao redor. Quem defecou no ponto ainda teve o trabalho de espalhar um pouco nos vidros do mesmo, só pra feder um pouco mais. Ela se pergunta porque raios alguém se daria ao trabalho de cagar e espalhar a merda. Vandalismo gratuito. Daquele tipo sem propósito e sem explicação. Porque ela acredita que algum vandalismo é válido. Terrorismo poético não é afinal um tipo de vandalismo?

A bolha é onde ela se esconde da vida. Não de toda a vida, mas só desse tipo de situação. Na bolha toca sempre alguma música bonita, e ela abstrai todo o resto. O som da rua não existe, o cheiro de merda se torna imperceptível. Na bolha ela mora sozinha, e decora a casa como quiser: As paredes da bolha são brancas, e na parede está escrito "Aqui é longe", em letras pretas e cursivas. Na bolha não tem móveis, porque ela não gosta de móveis mesmo. Não tem TV na bolha, só tem um som. Um som, uma cama, um abajur vermelho e luzinhas de natal penduradas nas paredes.

E tem o mar. E o mar dispensa explicações.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Enquanto isso, no mundo dos sonhos...

"If I just lay here,
Would you lay with me and just forget the world?"
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Com vontade de deitar na grama e ver o dia passar, sem fazer nada. Acho que estou precisando de um tempo sem ninguém ao redor, só eu e o amour. Porque estar em casa, mesmo sem fazer nada, parece sempre estafante. Daí tem curso, e coisas pra arrumar, e os doces temporariamente empacados pra fazer, e daqui a pouco começam as aulas. E eu sei que quando elas começarem vai tudo se embolar. Não por eu não conseguir levar, mas se embolar num sentido de me sobrecarregar mesmo. Eu vou gostar e ficar feliz, porque quando fico sobrecarregada me sinto útil, me sinto "fazendo alguma coisa". Mas mesmo assim, sobrecarga é sempre sobrecarga!

Então eu queria um tempo de silêncio conjunto. De deitar, colocar música pra tocar e ficar morgando, sem ninguém chamar, sem ter que levantar pra ir a lugar nenhum, sem precisar falar.

Eu preciso de umas férias da realidade. Talvez seja isso.

Amor e suvaco não combinam.

Dandara contra a expansão imobiliária de jacarepaguá! diz:
*é sim..é bem legal
*as letras dela são bem tensas..rs..
*"I always felt so far from you
Like something wasn't right
But tonight
I rest my head inside the crook of your arm
& I feel like a golden star"
*cara, I feel like a golden star! HAHAHAHAHA

Rê - chuva pós praia diz:
*HAUHAUHAUHUAHUAHA SIM
*como é se sentir como uma estrela dourada?
*é se sentir bem?

Dandara contra a expansão imobiliária de jacarepaguá! diz:
*po, é sim..HAHAHAHAHA

Rê - chuva pós praia diz:
*SIm UAHUHAUHA eu sei
*mas como seria isso? UAHUAHUAH

Dandara contra a expansão imobiliária de jacarepaguá! diz:
*sabe quando vc deita com alguém, ai se apoia naquela curvinha do braço, perto do suvaco? HAHAHAHAHAH
*daí todos os seus problemas desaparecem, e vc se sente uma estrela dourada..HAHAHAHAHAH
*Isso acontece comigo quando deito com o Arthur (L)

Rê - chuva pós praia diz:
*sei sim uahuahuahuahuah
*no ombro mais ou menos

Dandara contra a expansão imobiliária de jacarepaguá! diz:
*issoo! HAHAHAHAHAHAHAH
*perto do suvaco não soa romântico.

Killing [love] songs

É muito fácil matar uma canção. Mais fácil ainda matar uma canção de amor. Aquela música que você ama muito (ama tanto que poderia passar o resto da eternidade ouvindo) é mais fácil ainda. Existem algumas possibilidades para o assassinato da música: Ou ela te lembra tanto alguém que é impossível ouvir com outra pessoa, ou a outra pessoa se lembra tanto de alguém ouvindo ela (e vamos supor que você saiba disso) que você não tem mais ânimo nenhum pra ouví-la. Daí pronto, você matou uma música.

Quem me conhece sabe que todos os momentos me lembram alguma música (mesmo que as outras pessoas não saibam disso, o que costumeiramente acontece). Até um tempo atrás, eu respondia qualquer pergunta com um trecho de alguma letra (o que deixava algumas pessoas meio irritadas, mas eu sempre acho que letras se encaixam melhor nas situações...rs...). Existe música pra cada momento do dia, pra cada atividade: Música pra ouvir antes de dormir; pra ouvir no ônibus; pra andar pela rua; pra ouvir a caminho da balada; pra cozinhar; pra fazer sexo; pra conversar no escuro, etc. Todos os momentos da minha vida tem trilha sonora, mesmo que só na minha cabeça. Sendo assim, obviamente existem músicas que acabam morrendo pelo caminho.

É estranho como as vezes os sentimentos morrem, mas continuam vivos nas músicas que fizeram parte deles. Parece que demora mais pra apagar os sentimentos das músicas do que da vida. Passei tempos sem conseguir ouvir Magic numbers, e é a minha banda favorita! Pra ser sincera no início até pensei em matá-los. Pensei seriamente em apagar toda e qualquer música deles que houvesse no meu computador. Sendo mais sincera ainda, apaguei tudo. Só baixei de novo quando soube que ia ter o show, e queria dar uma ouvida em tudo antes de ir. Eu chorei durante metade do show, mas quando saí de lá, uma sensação diferente tomou conta: Eles ainda eram a banda que eu mais gostava, e eu teria me arrependido muito de não ter ido ver ao vivo. Talvez esse seja o ponto na matança de canções: Ela pode gerar muito, muito arrependimento.

As vezes outras pessoas fazem o trabalho sujo por mim. É como eu falei no início: Se você gosta muito de uma música, mas sabe que ela lembra quem está contigo de outra pessoa, fatalmente você vai pegar nojinho, e ter embrulho no estômago só de ouvir a introdução. Daí você não precisa matar a música que gosta, a outra pessoa matou por você. Nunca mais você conseguirá ouvir a música da mesma maneira, talvez isso chegue até a banda, e pronto. Você perdeu mais do que uma canção que gosta: Perdeu uma banda inteira.

Talvez eu devesse ser menos apegada a canções. Menos sentimental, menos musical. Porque pra mim música e sentimento caminham de mãos dadas. E as mãos se seguram com tanta força que é impossível separar. Daí eu fico assim, despersa no meu mundo musical. O mundo que vive dentro da minha cabeça. O problema é que nesse mundo eu costumeiramente pago de vilã. Então eu vago por lá, matando canções.

Minimalismo

Estava aqui a pensar na vida, quando de repente essa palavra surgiu nos meus pensamentos. Minimalismo. O que é minimalismo afinal? Pra mim, minimalismo sempre significou (e em qualquer área, seja arte, design, música) poupar. Não num sentido monetário...rs...Poupar lato sensu. Uma coisa realmente ampla. O nome me parece auto explicativo: Você tem uma época em que se valoriza o exagero, seja de cores, de detalhes extravagantes, de tudo. Logo depois, o que vem? Minimalismo! Bingo! Esse ciclo se repete, a meu ver, em todas as áres. Prova disso é que após uma época de moda extravagante e mega colorida, logo depois vem uma época de tons neutros e modelagens básicas. Vide década de 80/90. Nos 80's a moda era super exagerada. Nos 90's era tudo muito básico, muito neutro, muito simples.

Enfim, não sei porque a palavra me veio a cabeça. Mas como toda boa cdf, joguei no google e fui ler sobre. Li o artigo da wikipédia a respeito (que achei péssimo, aliás. Parece uma daquelas coisas escritas por alguém que sabe, mas não sabe explicar). No final, tirando todas as palavras e expressões meio rebuscadas do artigo (nem um pouco minimalistas...rs...), é exatamente o que eu pensei.

Eu não sei de onde minha cabeça tira essas coisas, sério. Mas é como dizem por aí, "menos é mais".
"but i'll always feel just the same
maybe i'm right, maybe i'm wrong
loving you dear like i do
if it's a crime, then, i'm guilty
guilty of loving you"

Totalmente culpada.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Eu ia tentar escrever, mas eu estou com tanto, tanto sono, que não consigo pensar.

Deus, faz tempo que eu não me lembrava de sentir tanto sono assim.

Eu vou dormir, antes que eu apague aqui mesmo.


@____________@

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

In chains

"Mellowly in arms wide open – they comfort me in peace
Countless people notice me and listen honestly
Colorful but open-minded they tolerate me all
Wouldn’t it be great if I can find this lost imaginary world"


né?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sorte

Hoje o céu amanheceu cinza, assim como eu. As minhas cores foram todas pelo ralo enquanto eu tomava banho ontem a noite. Eu olhei pro chão e quase pude vê-las indo embora. Eu acordei mole, como se tivesse um peso em cima da minha cabeça. Como se tivesse alguma coisa empurrando meus olhos pra baixo, me fazendo permanecer com eles fechados. Eu acordei triste, com essa tristeza que insiste em voltar. Ela fica fora alguns meses, mas sempre volta. E trás com ela os amigos: inquietação, angústia, medo, preguiça. Ela vem pra me destruir, fazendo sua festa particular na minha cabeça.

As vezes eu penso que ela nunca vai me deixar de vez. Que ela nunca vai me dar um beijo na bochecha e sumir. Essa tristeza vai sair de férias uma porção de vezes, mas vai sempre voltar. Será que isso é desistência da felicidade? Será que eu me acomodei na condição de ser humano eternamente triste? Existem diversos tipos de tristeza e de dificuldades, assim como diversos tipos de felicidade. Eu preferia que a dificuldade fosse morar embaixo da ponte, se com isso viesse algum tipo de felicidade. Preferia qualquer outro tipo de dificuldade, se com ela viesse qualquer tipo de felicidade, essa é a verdade.

Talvez em dias como hoje me falte esperança. Talvez esperança seja como liberdade, uma coisa que todo mundo quer, mas ninguém sabe explicar. Eu queria um pouco mais de esperança, vai ver ela poderia colorir meu dia. Mas eu não consigo acreditar que no final tudo vai dar certo, e muito menos acreditar no que sempre prego: Que se não está tudo bem é porque não é o final, pois no final tudo dá certo. Isso é bonito na teoria, bonito demais. Faz todo mundo achar que você é uma pessoa cheia de luz e sorrisos. Mas quando a vida vem e trás uma enxurrada de problemas, esse pensamento se torna obsoleto, e você percebe que é como todas as outras pessoas.

Eu preferia nesse momento conseguir acreditar em alguma coisa. Acreditar em Deus, ou em vidas passadas, em vidas futuras ou em paraíso. Mas eu não acredito. Eu não consigo acreditar. Eu poderia pensar que isso tudo é reflexo dos meus atos malévolos em vidas passadas, e que por isso mereço o que aconteça. Mas eu não consigo acreditar numa explicação tão banal e comodista. Eu poderia acreditar que isso tudo vai fazer com que na próxima vida eu seja feliz. Mas esse é um pensamento tão comodista quanto o anterior: Acreditando em antes e em depois, você aceita de bom grado tudo que se passa, e assim não se esforça pra mudar. Não verdadeiramente. Você passa horas, meses, anos pensando sobre isso. Daí no fim da vida você acredita ter evoluído um pouco, por ter passado por todas as coisas ruins. Você acredita que aprendeu com elas, mesmo que sua vida tenha sido um mar de problemas. E então você morre feliz, crendo que seu espírito partirá um pouco melhor pra próxima existência. Isso soa bastante idiota pra mim.

Se eu conseguisse acreditar em Deus, nesse momento eu poderia estar rezando, pedindo por dias melhores. E então eu me esforçaria, eu lutaria por eles. E quando eles chegassem, o que eu faria? Eu agradeceria a Deus. Como se meus esforços tivessem sido impulsionados por essa força mágica e misteriosa. Como se eu não tivesse sofrido o bastante pra chegar lá, como se eu precisasse creditar a minha força a algo maior. Eu acreditaria não ser forte o suficiente sem o empurrãozinho divino nas minhas costas. Eu não acredito em Deus nos momentos bons, e não os credito a ele. Mas também não sou do tipo que acredita nos momentos ruins e pede ajuda. Eu não confio muito em gente que acredita em Deus. Na minha cabeça Deus é sempre uma fuga. Ninguém pensa em Deus quando está no topo, mas basta cair de lá de cima pra querer que Deus segure. Que tipo de fé é essa, que se limita? Eu não acredito em forças superiores, eu acredito nas pessoas. E as pessoas são ruins, assim o mundo é ruim, e nenhum Deustodopoderoso tem nada a ver com isso.

A liberdade de não acreditar em nada é enorme. E só quem não acredita sinceramente prova dela. A liberdade de não achar nada divino. De ter o seu próprio certo e o seu próprio errado, acima de tudo que o mundo julga. A liberdade de ver o brilho em cada coisa, sem precisar por isso acreditar que ela foi magicamente criada. Eu gosto muito dessa liberdade, gosto um tanto enorme, sem medida. Mas em dias como hoje, minha cabeça balança. Balança e gostaria de acreditar, mesmo não conseguindo. Só pra ter um pouquinho de certeza que uma mão vai vir do além, dar um empurrãozinho nas minhas costas e me deixar um pouco mais alegre, mais pra frente. Talvez seja mais fácil ter esperança, pra quem acredita. Mas mesmo num dia cinza como hoje, ainda me considero uma pessoa de sorte.

Eu tenho a sorte de colocar o meu destino apenas nas minhas mãos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Musga

Pessoa nenhuma vai me completar musicalmente tanto quanto a last fm. Ninguém nunca vai ter tanta coerência nas indicações pra mim, me recomendando ao mesmo tempo Lunatic Soul e Britney Spears. Os dois assim, na mesma página, como se fossem velhos amigos. Not.

HAUAHAUHAUAHAUA

Mas que é engraçado é. Nunca tinha visto minhas recomendações da last fm. Estou ouvindo algumas coisas recomendadas por lá, e num é que a bichinha acerta mesmo? Essa coisa de achar "artistas parecidos na sua biblioteca" faz todo sentido né, bem mais fácil você gostar (ainda mais quando parece com os mais executados ou bandas que já se gosta). Interessante. Acho que todo bebê daqui pra frente deve nascer com um "sensor last fm", e todas as crianças e adultos devem implantar um. Vai tornar o mundo mais feliz...hehehe.

Foi recomendado pra mim:
- Lunatic Soul
- Elysian fields
- Unitopia
- Marisa Monte (mesmo eu já ouvindo, ela acha que ouvi pouco)
- Frost
- Abigail's Ghost (o nome maaaais desconhecido da lista pra mim..HAHAHAH..mas parece com umas 4 coisas que eu ouço)
- Phideaux
- Gazpacho
- Quidam
- Nosound
- IQ
- Cazuza (ela também acha que ouvi pouco)
- Ney Matogrosso (é, até gosto, mas não de ficar ouvindo em casa)
- Elis Regina (concordo, ouvi pouco em casa mesmo)
- The Strokes (não ouço muito mesmo no computador, só ouço o CD deles que afanei de uma menina na escola. Ouço no som, e muito raramente)
- Fernanda Takai
- Britney Spears (eerr, não?)
- Fiona Apple (atoron!)
- Pallas
- Paulinho Moska
- Indukti
- Kate Bush (foooda)
- Oswaldo Montenegro (amo, mas também não ouço no computador)
- Mundo Livre S/A (me sinto uma ameba. Eu nunca ouvi o_o)
- belchior (também ouço raramente no computador)

Lá vou eu, lá-vou-eu, ouvir todas as recomendações que a last fm fez. Não agora, óbvio, até porque, se recomendou com base no que já ouço, melhor ouvir tudo com atenção. Veremos o que salva daí e entra pra biblioteca. Tirando essas, tinham ainda mais umas bandas com nomes estranhos, que vou deixar pra depois, porque pareciam com muito pouco que já ouvi. Enfim, lá vamos nós, começando com: Lunatic Soul e Elysian Fields (foram as únicas que minha cabeça me permitiu encontrar pra baixar a essa hora). Além disso também tinham recomendado riverside, mas como eu já ouvi e estou terminando de baixar a discografia, apaguei da lista de recomendações.

Agora me vou, deitar com o fone no ouvido e curtir o escurinho e a música. Estou ficando meio viciada e compulsiva, lendo e ouvindo música como se não houvesse amanhã.

Meu cérebro vai inchar, e eu vou ficar que nem o Dexter naquele episódio que ele fica muito inteligente e a Dee Dee é o oráculo.

Eu vou morrer querendo saber: Qual o propósito do significado?

Sigur Rós...

...Parece ainda melhor a essa hora, quando a casa inteira dorme.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Encounters

De repente os discos parecem todos muito curtos. Tenho ouvido discos inteiros de uma vez, coisa que raramente fazia. Percebi que muitos só fazem sentido quando ouvidos certinhos, na ordem (não que não dê pra ouvir as músicas separadamente, ou que elas não façam sentido sozinhas, mas para uma perfeita apreciação, melhor ouvir tudo junto...rs...). Daí ouvir o disco na ordem faz ele parecer pequeno, mesmo sendo enorme.

Tenho ouvido uma porção de coisas diferentes, e resgatado algumas bandas que não dei/dava muita atenção. Tenho também ouvido coisas que me indicaram, e outras que achei sozinha, perdidas pela internet. Andei um tempão numa fase de estagnação musical, e não foi feliz. Eu costumava ser a menina que sabia de tudo, ouvia de tudo, conhecia de tudo. E de repente me limitei a umas 3 bandas que eu ouvia incansavelmente. Ainda são minhas bandas favoritas (por gosto ou por insistência? Não sei), mas é bom dar ouvidos a outras coisas.

No mais, acho que sua banda favorita vai ser sempre sua banda favorita. Você pode ter outras bandas favoritas, mas a primeira vai ser sempre a mais favorita. Ao menos pra mim. Até eu virar e dizer "essa é minha banda favorita" levou tempos. Eu não sou muito de favoritar nada, de achar que nada me cabe melhor do que o resto. É como aquela frase do Bukowski sobre amor, pra mim ela se aplica a música. "Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece." Troque a palavra "pessoa" por "banda" e esta sou eu.

Por essas e outras decidi que era hora de expandir meus horizontes e ouvir coisas diferentes, fora do convencional. Fico tentando ver algo em comum entre todas que gosto, pra ver se encontro um padrão. Mas sou uma pessoa totalmente sem critérios pra música (tá, alguns todo mundo tem. Eu não ouço funk, forró, axé e coisas relacionadas. Se tocar na rua danço, mas não perco meu precioso tempo ouvindo). Melhorando a frase: Sou uma pessoa totalmente sem critérios pra música boa. Sendo legal, agradando meus ouvidos e sendo bonito eu gosto. Meu ouvido é bem afiado, então gosto de músicas que eu possa deitar na cama pra ouvir, e ficar brincando de distinguir os instrumentos. Adoro fazer isso.

Deve ser por isso que gosto tanto de Magic Numbers: Quando paro pra ouvir no meu cantinho, no escuro, de olhos fechados, eu distinguo todos os sons. É uma viagem, fico completamente absorta pela música. Ouvir música é mesmo meio entorpecente. Taí, achei um padrão: Eu gosto de música pra ouvir no escuro. Não gosto de coisas barulhentas em que não se ache nada, que pareçam apenas barulho. Meu ouvido é sensível no escuro, e barulho me dá dor de cabeça. Excluo então os vocais gritados demais, os guturais e coisas do tipo. Deixo só as vozes prazerosas de se ouvir. Deve ser por isso também que adoro Belle & Sebastian: A voz do Murdoch é uma delícia, melancólica na medida certa. Beatles também é a coisa mais linda de se ouvir no escuro: Tem músicas que me transportam pra outro mundo, longe de casa e das pessoas. Estas são minhas 3 bandas favoritas desde sempre. Ou desde que me lembro de preferir alguma coisa. E são 3 bandas de ouvir no escuro. É um padrão?

Sim, estou tentando loucamente achar um padrão no meu gosto musical. Porque me sinto perdida. Me sinto o nerd estranho posto fora de todas as tribos. Eu gosto de praticamente tudo. Deve ser até meio insuportável passar música pra mim, porque dificilmente eu vou "não gostar" de alguma coisa. Mas se num minuto estou ouvindo Lupicínio Rodrigues e no seguinte Sigur Rós, cadê um padrão? Se eu ouço Yann Tiersen e emendo com Mutantes? Não há padrão. Ou será possível achar a falta de padrão como padrão? Ou será que sou uma vadia musical?

Vadia musical. Acho isso engraçado. Meus ouvidos são duas putas que trabalham em conjunto. Uma coisa meio 3some: Meus ouvidos e eu, vagabundas musicais, ouvindo o que tocar pela frente. Mas somos putas de luxo, a gente só ouve o que nos paga bem. E o pagamente é esse deleite incrível que a música trás.

Fica assim então: O padrão é a falta de padrão.

Pesadelo

Estou sinceramente cansada de ter sonhos estranhos e pesadelos. Cada dia é um mais bizarro do que o outro.

Costumo acreditar (ou condicionar minha mente a acreditar) que os sonhos tem sempre relação com algo que andamos pensando muito; algo que nos aconteceu no dia ou algo a ver com filmes ou coisas que estávamos assistindo antes de dormir. Daí eu tento ficar achando cabimento, fundamento pros sonhos, evitando assim me assustar com eles.

Mas o que tive agora foi tão bizarro que acordei chorando. E não consigo achar relação com nada.

Nele me culpavam por alguma coisa que eu não tive nada a ver (um fato da vida real, mas que não tem mesmo nenhuma relação comigo), meu irmão viajava, meu outro irmão estava ausente na maior parte do tempo. Era quase sempre noite, e quando era dia estava nublado e escuro. Eu morava num apartamento em frente a uma farmácia, e nela tinha um orelhão que fazia ligações de graça. Eu ligava pro namorado de casa, mas a ligação estava ruim e ele falava pra eu ir na farmácia ligar. Quando eu chegava lá e tirava o telefone do gancho, antes que eu pudesse ligar uma outra pessoa já estava na linha (alguém que eu conheço). Eu tratava a pessoa mal, porque precisava muito falar algo importante com o namorado. Então ele saía da linha e eu ligava, mas a ligação ficava ruim também.

Eu começava a entrar em desespero porque não conseguia ligar, e então começava a chover. Eu acordei. Uns 5 minutos depois peguei no sono de novo, e estava novamente no mesmo sonho e no mesmo lugar. No sonho só existiam homens, na farmácia e no prédio, eu só via homens em todos os lugares. Eu começava a correr na chuva, correr muito. A rua era mal iluminada, e eu descia uma ladeira que parece com a daqui, só que a outra, não a da minha casa. Era bem arborizada. Chovia e ventava muito, a água chegava a machucar meu rosto enquanto eu corria. Quando eu chegava no orelhão e ligava, eu contava que ele estava morto, começava a chorar, desligava e começava a correr de volta. No sonho correr era fácil e não me deixava cansada ou ofegante. Eu usava um vestido curto de tecido leve e um casaco. Eu estava sempre descalça, mas meus pés não doiam. Eu não sentia nada.

Quando chegava no pé da ladeira, tinha uma poça muito funda, mas a água era limpa e transparente, então eu via os paralelepípedos. Eu corria por ela, me molhando ainda mais, mas não me importava. De repente aparecia um cara numa bicicleta, um cara que nunca vi na vida real. Ele começava a rir e vinha na minha direção. Eu tentava correr, mas meus pés pareciam presos ao chão. De repente outro homem aparecia (um que também nunca vi), e eles começavam a rir juntos, e ficar ameaçando me fazer algum mal. De repente, quando um deles estava em cima de mim no chão, uma força descomunal tomava conta de mim, eu conseguia levantar e sair correndo. Eu corria muito, muito, e chorava sem parar. Eu olhava pra trás e eles ainda estavam lá, mas de repente sumiram.

Quando cheguei no alto da ladeira, parou de chover, mas o céu continuava muito nublado. Estava com a cor que fica quando amanhece e ele está cheio de nuvens, prestes a cair um temporal. Eu não parava de chorar. Conseguia chegar em casa, cheia de lama, com os pés e braços machucados, o cabelo embolado (ele era grande no sonho) e a roupa imunda. Minha mãe me deu um abraço, mas eu não conseguia parar de chorar pra contar o que tinha acontecido. Eu me tranquei no quarto, deitei (sem parar de chorar), e dormi. Daí eu acordei aqui.

Foi horrível, muito horrível. Horrível porque no sonho as pessoas que eu conhecia eram todas pessoas realmente conhecidas. Minha mãe e irmãos eram eles mesmos, meu namorado também. Não gosto de sonhar com quem conheço. Mesmo que seja um sonho ruim, prefiro que seja com desconhecidos completos. Dá menos medo quando acordo.

=/

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Here's looking at you, kid"

Ou "Sobre como Richard Blane tem colhões".
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Ontem corrigi um erro quase imperdoável. Depois de 21 anos de vida (e vamos colocar aí, uns 11 ou 12 de "consciência cinematográfica"), eu finalmente assisti Casablanca. Era mais um filme que eu já havia lido tudo a respeito, ouvido a trilha (linda por sinal, As time goes by trás lágrimas aos olhos do mais bruto dos homens, tenho certeza), enfim, mais um filme que eu sabia tudo a respeito, mas nunca tinha conseguido assistir.

Não ter assistido Casablanca era um erro que já estava beirando a insanidade: Como podia alguém com internet banda larga e tv a cabo não ter assistido tal clássico? Enfim, baixei o filme e fui corrigir meu erro.

De início já me apaixonei, o filme é de [e se passa em] uma das minhas décadas favoritas na moda e no cinema, e conta com o ator que para mim é o supra-sumo do charme e da elegência masculina: Humphrey Bogart. Isso já seria suficiente para agradar, uma vez que passar uma hora e pouca assistindo Bogart me traria de qualquer forma um deleite imensurável. Não bastando tal fato temos ainda Ingrid Bergman, uma das atrizes mais lindas e talentosas de sua geração, e o colírio Paul Henreid (que também é um charme, mas seu charme neeem se compara ao de Bogart).

Enfim, dar qualquer opinião mais fundamentada sobre o filme seria chover no molhado. Nesses 68 anos de existência, tudo já foi falado nesse sentido. Seria audácia minha discutir a qualidade de um filme que ganhou os Oscars de melhor filme, diretor e roteiro e que foi indicado a mais algumas categorias. Aqui vão minhas opiniões pessoais sobre a coisa toda:

- Gosto muito de filmes antigos pela carga de sensibilidade que carregam. Os personagens são costumeiramente mais humanos, mais plausíveis. Os dramas vividos, apesar de por vezes exagerados, eram ainda assim possíveis: Amores impossíveis, pressões sociais da época, dificuldades trazidas pela guerra e semelhantes, união, amizade, família. Talvez os filmes fossem mais sensíveis porque as pessoas ainda eram, existia no mundo uma espécie de inocência, uma crença no amor e nos valores e princípios. Ainda existia honra.

- A abdicação do amor em nome de algo maior é um tema que sempre mexe comigo, então não poderia ser diferente. Vemos no filme um homem que chora, que sofre, e que ainda assim é Homem. Um homem com honra, coisa realmente difícil de se ver hoje em dia. Ele abre mão da mulher amada, pensa pelos dois, e compreende que é necessário que ela vá. Que homem faria isso? Que homem conseguiria não pensar com egoísmo, tendo a oportunidade de manter aquela que ama por perto? Pois é, Rick não pensa com egoísmo, e tem colhões para deixar que ela vá.

- O final do filme é perfeito. Sem exageros, sem melodramas. "Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship". Temos enfim um final feliz. Sem a felicidade rasgada dos romances da época (que eu também gosto, mas enfim, não se aplicaria...rs...). Sem um beijo fulminante. Um final real, em que duas pessoas se amam muito, mas se separam sabendo que aquele amor não seria possível e não as faria realmente felizes. No mais, eles sempre terão Paris.

Enfim, olhando agora não me arrependo de não ter visto antes. Talvez eu não compreendesse muitas coisas se tivesse visto o filme a alguns anos atrás. Talvez eu ficasse desesperada achando que ela deveria ficar, e eles lutariam e seriam felizes para sempre. Hoje não. O final de Casablanca entrou definitivamente para a minha lista de melhores finais de filme. Simplesmente perfeito.
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P.s.: Deos, como sou péssima para expressar opiniões sobre filmes @_@

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O velho e o moço

"Ahhh
olha, se não sou eu
quem mais vai decidir
o que é bom pra mim?
Dispenso a previsão
Ahhh,
se o que eu sou
É também o que eu escolhi ser
aceito a condição
Vou levando assim
Que o acaso é amigo do meu coração
Quando falo comigo, quando eu sei ouvir."
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Uma música bonita para um momento bonito. Porque eu decido o que é bom pra mim, e dispenso a previsão. Porque o que sou é o que escolhi ser, e aceito a condição. Porque vou mesmo levando assim, que o acaso é amigo do meu coração. Muito amigo, quando falo comigo, quando eu sei ouvir.

E agora vou corrigir um erro da vida e assistir Casablanca. Porque é um absurdo eu nunca ter assistido.
As vezes eu olho minha vida, e acho que a qualquer momento vou acordar, porque eu só posso estar sonhando. Eu quase posso ver o mundo com aquele brilho dos sonhos, aquela luz que deixa tudo diferente, e que te faz saber que está sonhando.

Estou tendo oportunidade de estudar as duas coisas que mais gosto: Gastronomia e comunicação. Sinto como se minha vida estivesse começando, e sinto que tudo vai dar certo. Doismiledez vai ser um ótimo ano, sei disso. É como se eu tivesse passado o ano passado plantando as sementes, regando elas com cuidado, protegendo a terra do sol forte, arando. É como se eu tivesse entendido que é melhor agir devagar, porque com o tempo tudo de bom vem. Não adianta correr com as coisas, é como diz o título do livro, "não apresse o rio, ele corre sozinho".

E então é esse mar de coisas boas vindo. E o JBJ voltando a ativa e eu fazendo parte disso. É o curso que eu vou começar amanhã. É a empolgação que eu vejo nas pessoas que sabem o quanto isso tudo é importante pra mim.

E agora é só esperar, continuar buscando, correndo atrás. Talvez seja verdade aquela história que diz que depois de um monte de coisas ruins, coisas boas começam a acontecer. Elas estão acontecendo agora, e meus zoim se enchem de lágrima em pensar. Eu me sinto feliz, finalmente, e a realização de tudo que desejo é só questão de tempo. Porque o tempo finalmente parou de brigar comigo. O tempo agora é meu amigo.
"Or maybe I’m destined to be alone?
Or maybe there’s someone who will understand
That I’m not able to share my world?
I’m still running away
It’s crazy, I know"
Riverside - Conceiving you

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Ouvir música é mesmo uma das melhores coisas do mundo. São 3 da manhã e eu deveria estar dormindo, mas basta começar a ouvir alguma coisa pra emendar com trocentas outras. E cada vez que ouço uma penso "ah, quando acabar essa vou dormir", mas ai lembro outra e mais outra e mais outras, e quando vejo já está super tarde.

Eu devia mesmo ser mais normal, dormir mais cedo. Devia, mas a paz que tem aqui de madrugada me faz querer aproveitar. Durante o dia tem gente chamando, barulho, empregada querendo arrumar o quarto, coisas pra fazer. A única hora em que dá realmente pra curtir a música é essa.

No mais, melhor aproveitar enquanto as aulas não voltam, porque quando voltar, fudeu.
A pressão pra se aproximar afasta. Porque quando alguém insiste em entrar na nossa bolha, isso só nos faz reforçar sua espessura. E acho que todos nós vivemos em nossas bolhas particulares. Existe o mundo de fora e o de dentro. Existe a realidade e o modo como a vemos. E o que então é real? Existe uma visão imparcial da realidade?

Acho que a vida sempre acaba nos colocando no papel que algum dia fizemos alguém viver. E daí sentimos na pele o que fizemos o outro passar. Talvez seja tudo coincidência, ou vai ver existe mesmo uma força maior controlando, algo como destino.

Daí eu já fui a pessoa que aumentou a espessura da bolha. Eu já fui a pessoa que não quis estar ao telefone (eu já até chorei de raiva, querendo desligar). Eu já fui a pessoa que respondia "nada" a todas as perguntas. Isso foi em outro tempo, mas parece sempre recente por dentro. E agora sou eu a perguntar "tá pensando em quê?". Sou eu a querer ficar no telefone e nunca mais parar de conversar. Sou eu a pessoa chata, grudenta, reclamona. E eu sei bem o quão repelentes essas atitudes podem ser, porque eu já estive lá, repelindo. Eu sei bem que a pior forma de estar presente na vida de alguém é enchendo o saco da pessoa. A gente só conta o que quer contar, e quando se sente confortável para tal. Todo mundo tem seus pensamentos que não quer compartilhar, e nem por isso esses pensamentos são referentes a outras pessoas ou situações. E mesmo se forem, é direito de cada um guardá-los pra si, seja pra não magoar o outro, seja pela simples existência do direito.

Quando eu estava com alguém grudento, chato e reclamão, eu só pensava "que inferno". Eu só queria uma coisa pacata, tranquila, retilínea e uniforme. Eu só queria algo menos cor de rosa e mais real. E agora que eu sou essa pessoa (grudenta, chata e etc), tudo que eu queria era alguém que perdesse o sono por mim, que me ligasse e não quisesse desligar. Tudo que eu queria era um pouco mais de intensidade, de paixão.

E porque? Eu nunca fui assim, dada a esses desvarios que paixões causam. Eu nunca fui um poço de doçura e melosidade. Eu sempre tive o pé no chão nesse sentido, e agora eu me sinto uma idiota. E eu não consigo parar de pensar nisso tudo. Acho, sinceramente, que o pensamento que passa pela minha cabeça (e eu vou ser bem sincera agora) é o seguinte: Que ele amava (ou ama, sei lá, vai saber) muito, muuuito a ex namorada, e que nunca o que ele sentir por mim vai sequer se comparar isso. Eu fico pensando no quanto devia ser lindomaravilhoso e foda, e comigo parece sempre comodismo, é essa a sensação. Sei que esses pensamentos são gerados basicamente pela minha insegurança, mas eu não consigo não pensar. E é tenso, mas eu normalmente não estou errada quando tenho essas sensações, então isso reforça tudo na minha cabeça.

E no mais, é como se a cada dia a minha insegurança fosse matando um pouco mais a pessoa relax e de bem com a vida que eu sou. Porque antes disso eu estava administrando tudo bem: A família, minha cabeça, meus planos. Estava tudo nos eixos, e de repente eu me vejo assim, boba e perdida. Então não é que seja tudo ruim, é só que os meus pensamentos ficam me sabotando. E eu não consigo simplesmente ignorar tudo e colocar a cabeça no lugar, porque pra mim é uma área importante da vida. Eu não consigo colocar o relacionamento no final da minha lista de prioridades, porque eu me importo. Mas eu não quero ser uma mala sem alça e sem rodinhas, eu sempre abominei gente assim. Eu não quero ser uma espécie de propaganda enganosa, que no início era a pessoa mais feliz da face da terra, e de repente é um poço de angústia e tristeza.

Eu me sinto uma idiota por ter me deixado levar. Por ter, uma vez na vida, tirado os pés do chão num relacionamento. Por ter deixado meu coração disparar na primeira vez que ouvi um "eu te amo", por sentir meu estômago revirar até conseguir responder. Eu me sinto mais idiota ainda por ter acreditado que toda essa mágica inicial ia durar. Eu deveria saber que essas coisas nunca duram, e que nem por isso tudo seja menos. Talvez seja só a realidade.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Era uma vez três
dois polacos e um francês
Brigaram os três
Puxaram a faca com rapidez
Que que tu pensas que ele fez?
Matou?
Feriu?
Foi pro xadrez?
Quer que conte outra vez?
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Minha mãe e minha vó contavam isso trocentas vezes, quando eu era pequena. E isso envolvia enfiar uma faca imaginária na minha barrinha e fazer cosquinhas. Era divertido. Fui ler sobre, e descobri que isso faz parte de um gênero, os contos cumulativos, também chamados lengalenga ou parlendas. Legal, lembrar da infância também é cultura.
Andei percebendo que sempre conheço pessoas em janeiro/fevereiro. Esse mês e mês que vem faz "aniversário" que eu conheço um monte de gente. Meses bons eu acho, porque é todo mundo bem legal =)

Luto pelas palavras. Nos dois sentidos.

As palavras vão morrer. Vão cair em desuso, muitas delas. Cuidado desuso, você deve ir junto! Você vai ser trucidado pelas futuras gerações, e em alguns anos ninguém vai saber o que você significa. E você vai virar uma daquelas palavras solitárias, nunca consultadas no dicionário. Você vai morar com os quitutes, as raparigas, os rapazes, a paquera, os brotos, as mocinhas biscoito-fino e as carangas. Vai morar na cabeça de avós, que verão as caras espantadas das netas perguntando "ih vó, que que é isso?".

As palavras vão morrer. Porque vão morrer as pessoas que lembram das palavras. E mataram a trema. Mataram uma porção de acentos também. Eles vão matar a língua portuguesa. E eu vou chorar cântaros (eu me recuso a matar os cântaros), vou me deprimir e ficar de luto.

Ah, o luto! O luto morreu. Ninguém veste preto em velório, só uma meia dúzia de senhorinhas. E elas ficam lá com seus vestidos pretos, enquanto alguns vestem amarelos, laranjas, azuis. Em pleno cemitério, quem diria? O luto morreu faz tempo, foi passado pra trás. Ninguém chora a morte por muito tempo, e a memória do falecido não precisa de algum tempo de preto. Estamos no rio, faz calor, mataram o luto! E mataram com veneno, aos poucos. Uma moça de azul aqui, um menino de marrom ali. De repente amarelo e ninguém repara. Os tempos são outros.

Eu não estava aqui nos tempos de luto, de rapariga e de biscoito fino. Eu não estava aqui pra ver nascer o broto, a caranga e a paquera. Mas eu vivi com eles. Eu fiz destas palavras todas companheiras, eu mantive elas na família. Mas o tempo é mais forte que eu, e essa juventude boba também. E a falta de disciplina decorrente da falta de colhões que os adultos tem hoje em dia também. E a falta de disciplina vem do simples fato de que é mais fácil largar de mão e fingir ser bonito, do que levantar a mão e dar uma boa bronca. Porque até a bronca, se não morreu, está morrendo.
Bateu vontade da sensação de um 6b chanfrado deslizando suavemente pelo papel. A sensação de liberdade que dá desenhar aleatoriamente, sem se preocupar com beleza ou realidade. A sensação pura e simples de esquecer da vida, se desligar de tudo e apenas soltar a mão. Desenhar liberta. Escrever também. Cantar também. Dar a louca e gritar também. Rolar no chão também. Pintura a dedo também. Massinha de modelar também. Lego também. Video game também. Ouvir música também. Correr na rua com os braços pro alto também. Deitar no chão e olhar o céu também.


Daí eu me pergunto, na minha humilde inocência: Se tanta coisa liberta, porque todo mundo vive preso?


Liberdade dá medo. É aquela coisa que todo mundo quer, mas ninguém sabe o que é. A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. Mas o que é diversão? O que é arte? Desejo necessidade desejo necessidade vontade. Assim, sem ponto, pra confundir. A gente confunde desejo e necessidade. E não sabe o que é liberdade. A gente deseja liberdade ou necessita? Necessário é o básico (e alguns vão achar necessário um Blackberry, mas blackberry é desejo, né? Ou não?). Necessidade é comida, desejo é filé mignon. Liberdade é desejo, e é necessidade.

Mas se não sabemos o que é, como necessitar ou desejar? A gente deseja o desconhecido. Deseja a utopia do que a liberdade seja. E aquilo tudo que eu falei liberta. Me liberta. Me deixa solta. Me deixa free. Mas ninguém quer. O desejo e a necessidade de liberdade se limitam ao pão com manteiga. E eu quero queijo. E quero derretido, com o pão torradinho. Quero liberdade mesmo se eu não fizer idéia do que ela seja.

E talvez seja pirar. Talvez seja viver no limiar. Talvez seja abrir os braços e deixar o vento correr, e dar um grito e nem reparar que as pessoas ao redor estão olhando. Eu já fui livre, mas agora sou só pensamento. E liberdade e pensamento não convivem muito bem. Talvez quem mais deseje liberdade seja quem menos a entende.

Porque enquanto o pensamento para pra pensar, a liberdade corre solta por aí.

Mudernidade

E a canção nos dias de hoje devia ser assim:

"A vida não é twitter e você não entendeu,
ninguém foi ao seu quarto quando escureceu".


É. No mundo real ninguém te segue.
Ou segue, sei lá. Mas aí dá cadeia.

O sol nas bancas de revista

Me enche
de alegria
e preguiça
Quem lê...





...tanta notícia
  • Eu vou

Você

Precisa saber de mim.

Baby,

Baby,

Eu sei
que é assim.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Dalva e Herivelto

Meus zoim enchem de lágrima assistindo a essa maravilhosa minissérie. Ouvir coisas dessa época é lembrar da minha vó, e lembrar de coisas que não poderiam deixar de me emocionar.

Eu sempre a enchia de perguntas sobre a era de ouro do rádio, perguntava sobre as cantoras, sobre as músicas. Vira e mexe em alguma situação ela puxava alguma música e começava a cantar, com aquele ar dramático com que as mulheres de antigamente cantavam. Até quando tocou um trecho de chiquita bacana eu quase chorei. Me lembrei dela fazendo uma dancinha hilária e cantando a música. Quando ouço a voz da Dalva de Oliveira, tenho que me segurar pra não cair no choro.

Minha vó tinha aquele ar de coração partido, aqueles olhos que pareciam sempre beirar o choro. Nas poucas vezes em que a vi falando do meu avô, ela sempre terminava com frases como "mas como eu amava aquele homem. Ele era um filho da puta, mas eu amava". Quando, na série, Dalva caiu no choro e falou frase semelhante, eu não consegui: Saí da copa e fui pra cozinha me controlar. Era uma época em que as mulheres ainda não tinham consciência do seu suposto poder de ir em frente sozinhas. Uma época em que os amores eram pra sempre, e mesmo quando se rompiam, perduravam nos corações delas por toda a vida.

Hoje o mundo corre, os relacionamentos acabam mais rápido do que os anos, muitas vezes do que as semanas. Hoje ninguém liga pro amor, ninguém quer esse romantismo piegas, escrachado, esse amor gritado aos quatro ventos. Hoje em dia falar sinceramente de amor é brega. Amor hoje é pensar no quanto aquilo pode ser estável. É pensar em certas afinidades que não deveriam ser pensadas. Hoje em dia cantar uma música como Hino ao amor é considerado o fim da picada (e mesmo fim da picada é uma expressão "de avó" hoje em dia).

Eu fico feliz pelos meus pensamentos "a moda antiga". Pela minha breguisse. Por achar Hino ao amor uma das canções mais lindas que existem. Fico feliz por chorar quando ela toca. Eu fico feliz por saber bordar, costurar, fazer tricô e cozinhar. E eu não canso de dizer que sou feliz por essas coisas. Eu não canso de reafirmar a minha condição de mulher, e de ficar feliz com essas coisas "de mulher". Porque eu acredito que elas sejam sim. Acredito em "coisa de homem" e "coisa de mulher", e que isso não é maneira de diminuir ninguém.

No episódio de ontem, Dalva fez um pato no tucupi, colocou na mesa e disse "pato no tucupi, fiz pra você". Herivelto olhou pra ela com uns olhos de pesar (ele já estava com outra), mas quando entrou não resistiu a mulher na cama dizendo "vem meu amor". Essas pequenas coisas, pequenos detalhes do cotidiano de antigamente me seduzem. As pessoas entendem como diminuição da mulher, ela cozinhar um prato pra agradar o companheiro. Eu vejo como uma coisa super bonita: Mostra dedicação, zelo, preocupação, amor. É como dar um presente feito por você. Presentes feitos a mão não tem um valor todo mágico? Então.

Queria entender mais as pessoas, e os pensamentos do "mundo contemporâneo". Porque eu não entendo. Queria minha vó aqui, pra me ensinar mais e mais coisas bonitas, delicadas, femininas. Queria acompanhá-la e colocar rouge e batom vermelho pra sair. Usar bijuterias douradas e ter os modos de uma dama a mesa. Porque ela tinha. Tinha educação e era fina, muito fina (embora em casa fosse ligeiramente escrachada). Queria poder voltar no tempo e tirar mais dela. Porque agora que ela não está aqui, esse campo da minha vida vai ser sempre mais vazio.

Sobre a falta de capacidade humana (e o que ela influi na vida alheia)

Certa vez alguém me disse, após ouvir em que período da faculdade eu estava: "Ah, mas você ainda tá vivendo o sonho", como se fosse impossível estudar jornalismo e trabalhar com isso, viver pra isso e disso. Ok, é difícil como em qualquer área hoje em dia. É difícil principalmente se você quer ser a Fátima Bernardes. Mas, por outro lado, se você quer ser um jornalista, um comunicador, a coisa fica muito mais fácil.

Não tenho pretenção alguma de ser a próxima estrela jornalística da Globo. Nem do jornal O globo. Eu não quero trabalhar em um lugar onde ganhe muito sem liberdade de expressão, sem poder falar o que realmente penso. Acredito na imparcialidade do jornalista, mas acredito que imparcialidade e maquiagem de notícias são duas coisas bem diferentes. Eu quero poder falar sobre o que penso, sobre o que gosto. Quero poder mostrar a realidade como ela é, não disfarçada por motivos políticos.

Sei bem da minha capacidade, e sei que chegarei onde quiser. Seja fazendo meus doces, seja escrevendo. Eu tenho talento, e talento não se compra. Você pode estudar numa faculdade mega conceituada e ainda assim ser uma ameba. Gente burra existe em todos os lugares, então chega dessa história de ser definido pelo lugar onde se estuda. Eu odeio isso com todas as minhas forças.

No mais, estudando na Estácio, que todo mundo diz ser uma merda, estou bem. Minha força de vontade está me levando além: Estarei, junto com uma pessoa mega experiente na área, a frente de um projeto maravilhoso de mídia comunitária. Um projeto do qual vou ter orgulho de fazer parte. Muito mais do que se estivesse estagiando num grande jornal. Muito mais do que se estivesse estagiando na tv Globo. Porque, como disse Dumbledore, "São nossas escolhas que definem quem somos, não nossas habilidades". Minhas habilidades me permitem fazer o que eu quiser da vida. Me permitem estudar onde quiser, chegar onde quiser. Mas são minhas escolhas que me definem. E eu escolho manter meus princípios.

Então, que me chamem sonhadora, alienada, que digam que vivo com a cabeça no mundo da lua. Eu não me importo. Quando deito a cabeça no travesseiro a noite, estou feliz e tranquila, sabendo que o caminho que sigo leva exatamente aonde quero chegar.
Eu amo. Amo olhar pra ele, quando ele está de olhos fechados. Amo os olhares que ele me dá, e os risos, e as brincadeiras. Eu amo poder chegar na casa dele do nada e chorar um rio, falar um monte de besteiras e depois ir embora mais tranquila. Amo recostar no ombro dele, e amo a paciência que ele tem pras minhas maluquices. Eu amo o apoio que ele me dá pra tudo que penso em fazer, e amo o jeito bobo que ele tem. Eu amo que mesmo com os estranhamentos e possíveis bobagens que eu pense as vezes, se eu pudesse escolhar qualquer lugar do mundo pra ir dormir agora, seria do lado dele.

(L)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ouvindo música quase de manhã

Sobre esse momento:
  1. Rain for a day é muito legal.
  2. Eu deveria estar dormindo.
  3. Amanhã já é quarta feira, dia 6, e o modo como o tempo resolveu correr está me assustando.
  4. Eu já disse que rain for a day é muito legal? Valeu a dificuldade horrenda que eu tive pra baixar. Envolveu pactos obscuros, vários cigarros e paciência. Mentira. Mas deu trabalho. Talvez porque eu seja uma anta, e de repente tem em algum lugar banal e eu não achei. Talvez porque a banda seja lá da putaquepariu, e eu não achei site nenhum em portuguêis onde pudesse baixar. Nem em inglês. E eu não sei falar essas línguas obscuras e cheias de tremas.
  5. A moça-que-canta é bonita, dos zoios claros.
  6. Eu já não consigo lembrar de onde tirei isso. Ahhh, eu lembrei. Eu estava ouvindo Sylvan, daí vi a Miriam no myspace deles, dai ouvi, daí gostei, daí catei e achei isso que é ela + o baterista (ou algo assim. aauhauahaua) da Sylvan. Isso é feliz. Tempos que não ouvia nada diferente das coisas que ouço todo dia. Não que enjoe, porque só ouço todo dia o que gosto muito. Mas as coisas que gosto muito achei assim, fuçando, indo atrás, cavando até as unhas encherem de lama. Daí um dia eu parei porque pensei "ah, eu já tenho tudo que gosto". E então eu comecei a ouvir incansavelmente os mesmos artistas. Virei uma daquelas pessoas que não ouve nada diferente. E eu não era assim. Mas é estranho o modo como minha cabeça funciona: Pra mim parece que se eu aceitar sugestões, recomendações, ou qualquer outro "ões" do tipo, eu vou mergulhar no mar sem fim do fim da personalidade. Bizarro né? Mas eu tenho um medo danado disso. Daí eu estagnei, só pra não correr um risco imbecil. Bem imbecil.
Eu adoro listas, então listei inutilmente coisas sobre o momento. As 5 e meia da matina a gente fica meio louca, né? Eu ao menos fico.

Ouvindo música na madrugada III

"Be again what your once used to be
Sentimental and insatiable
Leave the pain and deceptions behind
That's your vision, that's the consequence
Of your nature and of your whole life
live it again!"

Ouvindo Sylvan e bebendo energético com gelo em forma de coraçõezinhos, enquanto fumo [mais] um cigarro. Uma noite de eu com eu, e somente eu. Conversando comigo mesma e com os gelinhos do copo. Será que eu estou ficando louca aqui, ou o mundo vai ficando mais louco lá fora, enquanto anda numa velocidade infinitamente mais rápida que a minha? Eu estou numa madrugada vagarosa, bebendo aos golinhos e ouvindo música.

"And I stare out of the window, see the rain clouds passing by
A continuous alternation as unstable as my life
It's this everlasting echo, it's this dreadful empty room
It surrounds me full of memories and frustration conquers soon"

Sylvan soa muito como uma banda pra ouvir a noite. Sei lá, tem cara de noite. Tem cara de colocar pra tocar, deitar e ficar ouvindo. Não tem cara de energético com gelinhos de coração, nem um pouco. Tem cara de água, na verdade, porque é tão legal que não merece ser ouvido com nada mais que tire a concentração. Eu gosto de Sylvan, gosto bastante.

"And you gave me reasons forever
Did you feel the faith you brought into my life?
And your timeless traces won't shatter
When you see the glint of hope deep in my eyes"

Essa música é a coisa mais linda. E você me deu razões eternas, você sente a fé que trouxe pra minha vida? E os seus vestígios eternos não vão se despedaçar, quando você ver o brilho de esperança no fundo dos meus olhos. Lindimais.

"I'm faking dreams - incessantly
It's build on lies - or justified?"

Tenso.

"When I’m locked-in, will I break down?
When I grow up, will I freak out?
Will I crack up when they change all?
Will I dry out, will my mask fall?"

Ênfase no "quando eu crescer, vou surtar?". Estou surtando porque estou crescendo, ou estou crescendo porque estou surtando?

É. chega. Vou continuar ouvindo e parar de escrever o/

Ouvindo música na madrugada II

"And I won't go away until you tell me so
No I'll never go away"

E assim disse meu futuro marido (hahahahah). Sem mais noites solitárias. Lindimais. E eu morria sem saber que o solo nessa musga é do David Gilmour. Ouvir música na madrugada também é adquirir cultura. hehehe.

Ouvindo música na madrugada I

"All things must pass
All things must pass away"

George sempre tem algo a me dizer. Sempre. É estar mal e ouvir qualquer coisa dele e eu me sinto melhor. Eu me lembro de chorar rios no ônibus ouvindo My sweet lord, e de resolver pirar e cantar alto, sem me preocupar com as pessoas em volta (e se Deus existe, ele deve ter impedido que eu fosse internada nesse dia. ahahahah). Eu me lembro de cantar All thing must pass baixinho no carro da minha mãe, indo pro escritório, quando tudo começou a dar errado. As letras do George enchem meus zoim de lágrimas. E como eu disse, ele sempre tem algo a me dizer. Sempre.
É bom conversar com a mãe quando ela não está numa fase de surto. E ela está bem, bem demais, e eu fiquei feliz por ela estar bem assim. Está todo mundo bem no final das contas, e isso me deixa tranquila.

Olhando agora, hoje foi um bom dia. Tirando meu estresse e as merdas que falei, eu pude chorar rios e desabafar as besteiras que penso. E pude desabafar pra uma pessoa que amo e confio. E depois cheguei em casa e pude desabafar mais um pouco (agora de maneira mais sensata, pós-besteiras).

Eu sei que estou um porre. Sei que não sou nem de longe a menina animada e feliz que eu costumava ser. Sei que ando falando demais em morte, em fim, em medo, em estresse. Sei que ando descontando coisas sem sentido, e ficando cada vez mais distante de tudo. Mas talvez o melhor conselho seja o que a minha mãe me deu ainda a pouco: "Tá estressada? Toma um lexotan e se tranca no quarto uma semana, sem falar com ninguém. Você vai se acalmar e ainda vai emagrecer, porque dormir emagrece". Ok, isso não é totalmente sério. Mas talvez eu deva mesmo aprender a ficar sozinha de vez em quando, ao invés de ter esse desespero de estar perto, e acabar descontando a raiva em quem não merece.

Taí, vai ver meu problema é esse: Eu não entendo os sinais que meu corpo e minha mente dão de que preciso ficar sozinha. Acho que tenho medo de que todo dia possa ser a última oportunidade de falar com as pessoas, de estar com elas. É, a morte veio pra gente conhecida, eu não estava acostumada e agora sinto medo, muito medo de perder oportunidades com as pessoas. Daí eu evito ficar sozinha. Eu evito essa necessidade que as vezes bate de simplesmente calar a boca e deixar a água correr. Porque o rio continua sempre lá, e o rio sou eu. A água é que corre e vai embora. E o rio não pode fazer nada quanto a isso, além de simplesmente observar a água passando.

Então daqui em diante eu vou tentar simplesmente compreender os meus momentos de revolta por dentro, e vou me deixar quieta pra eles amansarem. Porque tudo amansa um dia, e eu sei. Eu vou me deixar quieta no meu cantinho, que é pra não correr o risco de ver uma das minhas árvores indo embora na correnteza. Porque são elas, com suas raízes fortes, que seguram as margens no lugar. E as pessoas ao redor são as árvores do meu rio. Eu definitivamente não quero ver nenhuma delas ir embora.

Acho que estou usando metáforas demais hoje. Isso me lembrou um tempo em que me chamavam de "rainha da hipérbole". Eu sempre fui mesmo muito dramática e exagerada. E eu gosto muito de figuras de linguagem.

=)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

No topo da maior montanha da Terra das coisas sem volta moram as palavras. Elas habitam prédios enormes, arranhacéus (algumas habitam mansões). Elas se amontoam e sua população cresce mais e mais a cada dia. Elas não sabem bem como foram mandadas pra lá, mas sabem que não podem sair.

Existem diversos condomínios no alto da montanha. Em cada qual mora um tipo de palavra. Existem os condomínios onde repousam confortavelmente os "eu te amo" sinceros, outros onde se apertam aqueles ditos da boca pra fora. Existem condomínios povoados por ofensas (os mais lotados), e em alguns condomínios de luxo moram apenas citações importantes.

De vez em quando alguma palavra some, mas é uma coisa extremamente rara de acontecer. Normalmente somem os "eu te amo" da boca pra fora, que em algum momento, por motivo que desconhecem, deixam de ser importantes. Não é que eles simplesmente morram, mas mudam de categoria, e saem voando do alto da montanha. Eles se perdem no vento, sendo levados pela brisa até serem postos pra fora da Terra das coisas sem volta. Outra coisa extremamente rara, porém não impossível, é um "eu te amo" da boca pra fora ser elevado a categoria de sincero. Daí ele arruma as malas e muda da espécie de cortiço onde vive para um apartamente confortável no outro condomínio. É muito, muito difícil, mas já aconteceu.

O prédio onde moram as ofensas cheira mal. Ele cheira a arrependimento e remorso. É um cheiro acre, cheiro de vômito. O cheiro daquilo que colocamos pra fora sem motivo, e que embora desejemos muito engolir de volta, não é mais possível. As ofensas são a categoria mais permanente de palavras, as únicas sem nenhuma possibilidade de ir embora. Elas são também as mais rejeitadas pelas outras. Ninguém quer olhar ou falar com uma ofensa, nem elas mesmas. Então cada uma amarga a eternidade no seu cubículo, sozinha, esperando por um fim, um retorno que nunca chegará.

Porque por mais que exista o perdão (e muitas palavras também derivem dele e morem no topo da montanha), e ele seja muito poderoso, nem ele é capaz de apagar uma ofensa. As palavras que falam sobre desculpas sinceras moram em mansões isoladas do resto. Elas são amigas e dão festas. Elas sabem o quão raras são. No mesmo condomínio moram outras raridades como "eu errei", mas essas são mais reclusas e não participam de festa alguma: Elas passam todo o tempo tentando perdoar a si mesmas, normalmente em vão. Porque assumir o erro também não faz com que as ofensas desapareçam. E os "eu errei" se sentem mal por saber que um dia superlotaram ainda mais o condomínio delas.

É um mundo imenso, no topo daquele montanha. Um mundo imenso e que cresce sem parar. Porque de todas as coisas sem volta na vida, definitivamente as palavras são as mais fortes.