quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Encounters

De repente os discos parecem todos muito curtos. Tenho ouvido discos inteiros de uma vez, coisa que raramente fazia. Percebi que muitos só fazem sentido quando ouvidos certinhos, na ordem (não que não dê pra ouvir as músicas separadamente, ou que elas não façam sentido sozinhas, mas para uma perfeita apreciação, melhor ouvir tudo junto...rs...). Daí ouvir o disco na ordem faz ele parecer pequeno, mesmo sendo enorme.

Tenho ouvido uma porção de coisas diferentes, e resgatado algumas bandas que não dei/dava muita atenção. Tenho também ouvido coisas que me indicaram, e outras que achei sozinha, perdidas pela internet. Andei um tempão numa fase de estagnação musical, e não foi feliz. Eu costumava ser a menina que sabia de tudo, ouvia de tudo, conhecia de tudo. E de repente me limitei a umas 3 bandas que eu ouvia incansavelmente. Ainda são minhas bandas favoritas (por gosto ou por insistência? Não sei), mas é bom dar ouvidos a outras coisas.

No mais, acho que sua banda favorita vai ser sempre sua banda favorita. Você pode ter outras bandas favoritas, mas a primeira vai ser sempre a mais favorita. Ao menos pra mim. Até eu virar e dizer "essa é minha banda favorita" levou tempos. Eu não sou muito de favoritar nada, de achar que nada me cabe melhor do que o resto. É como aquela frase do Bukowski sobre amor, pra mim ela se aplica a música. "Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece." Troque a palavra "pessoa" por "banda" e esta sou eu.

Por essas e outras decidi que era hora de expandir meus horizontes e ouvir coisas diferentes, fora do convencional. Fico tentando ver algo em comum entre todas que gosto, pra ver se encontro um padrão. Mas sou uma pessoa totalmente sem critérios pra música (tá, alguns todo mundo tem. Eu não ouço funk, forró, axé e coisas relacionadas. Se tocar na rua danço, mas não perco meu precioso tempo ouvindo). Melhorando a frase: Sou uma pessoa totalmente sem critérios pra música boa. Sendo legal, agradando meus ouvidos e sendo bonito eu gosto. Meu ouvido é bem afiado, então gosto de músicas que eu possa deitar na cama pra ouvir, e ficar brincando de distinguir os instrumentos. Adoro fazer isso.

Deve ser por isso que gosto tanto de Magic Numbers: Quando paro pra ouvir no meu cantinho, no escuro, de olhos fechados, eu distinguo todos os sons. É uma viagem, fico completamente absorta pela música. Ouvir música é mesmo meio entorpecente. Taí, achei um padrão: Eu gosto de música pra ouvir no escuro. Não gosto de coisas barulhentas em que não se ache nada, que pareçam apenas barulho. Meu ouvido é sensível no escuro, e barulho me dá dor de cabeça. Excluo então os vocais gritados demais, os guturais e coisas do tipo. Deixo só as vozes prazerosas de se ouvir. Deve ser por isso também que adoro Belle & Sebastian: A voz do Murdoch é uma delícia, melancólica na medida certa. Beatles também é a coisa mais linda de se ouvir no escuro: Tem músicas que me transportam pra outro mundo, longe de casa e das pessoas. Estas são minhas 3 bandas favoritas desde sempre. Ou desde que me lembro de preferir alguma coisa. E são 3 bandas de ouvir no escuro. É um padrão?

Sim, estou tentando loucamente achar um padrão no meu gosto musical. Porque me sinto perdida. Me sinto o nerd estranho posto fora de todas as tribos. Eu gosto de praticamente tudo. Deve ser até meio insuportável passar música pra mim, porque dificilmente eu vou "não gostar" de alguma coisa. Mas se num minuto estou ouvindo Lupicínio Rodrigues e no seguinte Sigur Rós, cadê um padrão? Se eu ouço Yann Tiersen e emendo com Mutantes? Não há padrão. Ou será possível achar a falta de padrão como padrão? Ou será que sou uma vadia musical?

Vadia musical. Acho isso engraçado. Meus ouvidos são duas putas que trabalham em conjunto. Uma coisa meio 3some: Meus ouvidos e eu, vagabundas musicais, ouvindo o que tocar pela frente. Mas somos putas de luxo, a gente só ouve o que nos paga bem. E o pagamente é esse deleite incrível que a música trás.

Fica assim então: O padrão é a falta de padrão.

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