segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tinha esquecido como dançar me faz bem. Meia hora de dança e já me sinto outra pessoa.

Parece que todos os meus pensamentos ruins escoam com o suor, são postos pra fora e evaporam. Eu fecho os olhos e vejo um mundo colorido por dentro, e a música toma conta de cada pedaço meu. Começo então a ser totalmente guiada por ela, e já não me preocupo em estar bonita ou dançando bem, eu apenas sigo instintivamente o ritmo.

É como se dançar fosse recobrar a sanidade. Cada vez que passo muito tempo sem fazer isso, a timidez vai voltando sorrateira, querendo me levar de volta pra bolha onde eu vivia. Dançar me desperta, me liberta, me consola, me acalma, me dá auto-confiança, me faz crer na minha sensualidade e no meu poder.

E que eu me lembre então, a partir de hoje, de nunca mais parar de dançar. Nem que seja aqui mesmo, sozinha: porque qualquer tempo, ao som de qualquer música, é suficiente pra que eu me sinta totalmente renovada.

=)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Irritação do dia: Bloquearam o g-talk nas salas de informática da faculdade. Acabou minha diversão nas duas horas que passo esperando entre uma aula e outra.

Acho um absurdo bloquearem qualquer tipo de site, em qualquer lugar. Acho que não faz sentido NENHUM. Uma vez que a pessoa não consiga acessar o site, tudo que ela vai fazer é perder seu precioso tempo tentando achar uma maneira alternativa de acessá-lo. Acho que o bloqueio de sites mostra a total falta de confiança do ser humano na capacidade do outro. Além de ser uma medida extremamente idiota, que trata aqueles que não terão acesso como crianças. Ok, as pessoas no geral não prestam, mas vamos lá:

- No trabalho: A partir do momento que preciso bloquear um site para que meus funcionários não tenham acesso, estou atestando a falta de compromentimento e capacidade dos mesmos, visto que, caso os sites fossem liberados, eu acredito que eles passariam o dia dispersos em atividades não relacionadas as suas reais funções. Sendo assim, os sites não deveriam ser bloqueados, quando muito os funcionários deveriam ser reeducados. Uma postura de comprometimento e profissionalismo é extremamente necessária, mas não se consegue mediante bloqueios e impedimentos.

- Na faculdade: Aqui onde estudo a maioria realmente age como criança. Mas sinceramente, não justifica. Uma vez que sou estudande de comunicação social com habilitação em jornalismo, posso vir a fazer uso de programas como o msn para entrevistas, por exemplo (e isso não é hipotético e fantasioso, eu já usei!). Além disso, o youtube, o twitter e o myspace, só para citar alguns, são também fonte de pesquisa, e por isso os alunos deveriam ter livre acesso ao seu conteúdo. Enquanto os alunos da UFRJ fazem cobertura de palestras ao vivo, via twitter, aqui temos que lidar com o bloqueio.

Indo mais além, penso o seguinte: estudo numa universidade particular, em uma bairro de classe média/média alta. Os estudantes daqui possuem computador em casa, com acesso a internet e todos os recursos disponíveis. A troco de quê perderiam seu tempo entrando em determinados sites na faculdade, se podem fazer isso em casa? Liberar os sites não superlotaria os laboratórios. Indo ainda mais além, penso que se algum aluno não possui acesso a internet em casa, esse seria ainda mais um motivo para ter acesso livre na faculdade: Caso não o tivesse aqui, viveria totalmente fora do contexto da realidade contemporânea.

Um atraso total e completo de vida, de ensino, de liberdade de escolha. Porque no final das contas, sendo todos adultos e supostamente conscientes, o acesso a qualquer site deveria ser uma escolha: eu escolho se quero estudar ou vagabundear. Eu escolho se quero manter meu emprego sendo uma pessoa produtiva, ou se quero jogar tudo pro alto e passar o dia no twitter. As escolhas são de cada um, porque as consequências também o são.

Pro saco com os bloqueios, as proibições e todas as coisas relacionadas. Hoje, tudo que tenho a dizer é: MUNDO, VAI TOMAR NO CU.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Tem

Tem sempre dentro essa chama que não apaga. Sempre essa inquietação que faz roer as unhas, enrolar os cabelos nos dedos, bater o pé incansavelmente no chão. Tem sempre a total falta de vontade dormir e de acordar cedo, e sempre o desespero pelas coisas boas. Tem sempre o medo das ruins, a insegurança. Tem sempre música tocando e sempre um cigarro acesso no cinzeiro. Tem sempre a sensação de não fazer parte, seguida da vontade de não pertencer mesmo a nada e a lugar nenhum. Tem sempre tudo por dentro, e sempre nada. Tem a oscilação de humor e de vontade, e de tudo. Tem distração, dispersão, distorção.

Tem eu, sempre eu, apesar de ter de tudo.
O que destrói o ser humano é a tendência a se adaptar as situações. Sejam elas boas ou ruins. O novo é bom, a gente vai e se adapta a ele. O novo é ruim, a gente vai e se adapta a ele. Sendo assim, tudo acaba virando uma grande massa de mesmisse. Boa ou não. Num dia tudo é novidade. É novidade na semana seguinte. É novidade daqui a 2 semanas. Um mês depois é rotina, é corriqueiro. Uma coisa ruim acontece, é ruim hoje, amanhã, semana que vem. Um mês depois é rotina, e a gente vai se acostumando com o que é ruim, até aquilo ficar comum, normal.

Acho que a beleza mora no inconformismo. Em pensar que se está ruim, deve haver uma saída pra melhorar. Em pensar que se está bom, deve haver um modo de ser melhor.

Eu já me conformei muito e com um monte de coisas. Deve ser por isso que hoje não me conformo com nada.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Acordei hoje achando que a sensação ruim se resume ao fato de eu não estar estudando o suficiente. Ando me sentindo burra e inútil, então só pode ser isso. É estranho, eu não ligo pra maioria dos assuntos que as pessoas do meu convívio ligam, e elas todas não ligam pros assuntos que me interessam. Isso faz eu me sentir completamente deslocada e sem cultura. Não é uma sensação muito agradável.

Queria enxergar o mundo e as pessoas como todo mundo enxerga. E ver as coisas da maneira que as pessoas veem. Queria ser intelectual e fodona, filosofar sobre os assuntos mais banais. Mas eu só consigo ser eu e ser simples. E pensar simples. E pensar simples não significa pensar superficial, significa apenas pensar sob outra ótica.

Mas sei que ando emburrecendo. Eu não sou mais tão inteligente e competente quanto era a 3 anos atrás. Eu não sou mais a mesma, e só agora me dei conta. O bom é que, uma vez que eu esteja subindo de volta do poço em que afundei, é só questão de tempo até que eu volte a superfície. Só questão de tempo.






Eu não ando muito normal da cabeça. E eu não quero voltar pro lugar onde já estive. O lugar em que nada faz sentido e tudo é super confuso. O lugar de onde custei a sair. Eu definitivamente não quero voltar lá.
Estou completamente bloqueada pra escrever. Nos últimos dias parece que nenhum assunto é assunto que mereça ser falado. Mesmo com tanta coisa boa acontecendo, tem alguma coisa me bloqueando.

Tenho me sentido estranha. Com uma sensação estranha. A sensação de alguma coisa vindo, e não gosto de me sentir assim. Gosto quando não sinto nada de esquisito, quando as coisas estão em paz. Talvez seja o tempo. Tempo nublado as vezes (assim, quase sempre), me dá alguma sensação diferente. Hoje peguei muita chuva e cheguei mal em casa, com febre.

Daí deitei e dormi. Eu tremia de frio e tive pesadelos. Acordei me sentindo melhor de tudo, menos dessa sensação. Andar no centro potencializou, não sei porque.

Tem alguma coisa acontecendo, em algum lugar, com alguém que eu conheço. Tem alguma coisa acontecendo porque toda vez que eu me sinto assim tem. Toda vez que eu me sinto assim alguma coisa vem, mesmo que não seja comigo. Normalmente não é. Sobre mim nunca sinto nada.

Tem alguma coisa, e eu espero sinceramente que não seja ruim.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Será que a onda é desabafar e apagar? Escrever me faz feliz. Mesmo que eu vá e apague tudo depois. Na hora parece o certo, vem como alívio e me dá paz.

E é isso. Apagar significa não reler. E se eu coloquei pra fora e não releio, estou pronta pra deletar de mim como deleto daqui.


Melhor assim.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Acho que um dos meus projetos de vida é abolir certas coisas que a modernidade trouxe e que acho péssimas. Shopping center, supermercado, hipermercado, grife. Os grandes cinemas, as redes de restaurantes. Quero muito dar um basta nisso tudo.

E viva as costureiras, as modistas, as mercearias, as feiras ao ar livre, as coisas feitas a mão, o artesanato, a comida caseira, as tradições. Viva a felicidade de tricotar um cachecol, de costurar uma bolsa. Viva a felicidade de gastar um quinto do preço numa peça de roupa, pelo simples fato de não ligar pra grifes e marcas. Viva os dias na praia, no campo, no sol.

Porque a vida é muito mais gostosa e saudável quando se vive com calma, quando se faz o que gosta. Quando se come com prazer e sem medo de engordar. Quando se usa uma roupa feita sob medida pra você. Bem melhor assim.

Antigamente o povo sabia viver. Pena que ele não sabia disso.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Melhor que sonhar é ter metas. Pensar em alguma coisa e ir atrás, estudar e planejar pra que ela se concretize.

Sonho pra mim é aquela coisa que beira o impossível. Apenas beira, porque com esforço você pode chegar lá (falo de sonhos concretizáveis. Casar com o Paul McCartney, por exemplo, não se encaixa nessa lista...HAHAHAHAH). Sonho é o que vem depois do planejamento. Você cria, se esforça, trabalha, escolhe um ponto no horizonte e vai seguindo até ele sem olhar pra trás. O que se colhe no caminho é o resultado do seu esforço, e é o que vai fazendo a vida valer a pena. Lá no final, quando chega ao topo, você olha pra trás e vê que tudo que passou, mesmo as coisas ruins, valeram a pena. Porque você finalmente realizou o sonho.

Se você quisesse chegar ao horizonte logo no início, não conseguiria. E ia ficar frustrado, muito frustrado, por ter falhado. Mas a realidade é que nem teria tentado, uma vez que quis chegar longe sem batalhar por isso.

Estou hoje num momento de plantar. Num momento de planejar antes de colocar em prática. Um momento de estudo e de criação de metas. Eu tenho o sonho e vejo ele lá no final do túnel, mas não estou mais parada ou tentando voltar pro início: Eu agora estou correndo muito, cada vez mais veloz.

É bom querer alguma coisa, esperar alguma coisa. É bom querer correr os riscos, depois de tanto tempo tendo um medo absurdamente grande de tentar. É uma sensação boa, e mesmo o medo é bom, mesmo o frio na barriga. Tenho finalmente a sensação de estar viva, completamente viva. E não troco mais essa sensação por nada.

sábado, 5 de setembro de 2009

Viajar

Então, lá vamos nós pro feriado. Lá vamos nós pra estrada.


Viajar é bom, e acho que dessa vez vai ser melhor. Só acho. Conversamos quando eu voltar.
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Update em 08/09

É, foi bom demais. Uma porção de momentos pra minha caixinha de memórias. Tanta coisa boa pra guardar, que minha caixinha vai digivolver pra uma caixa enormemente gigante. =)

Viajar

Então, lá vamos nós pro feriado. Lá vamos nós pra estrada.


Viajar é bom, e acho que dessa vez vai ser melhor. Só acho. Conversamos quando eu voltar.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Adoro procurar meu nome no google. Sempre acho coisas que não sei de onde saíram, ou que não me lembro de ter escrito.

Hoje pesquisando achei um tal "espaço jovem", em que postei apenas um texto, em 2005. Não consigo me lembrar porque fiz, mas pelo modo como está escrito, sei que fui eu mesma. Não me lembro login da conta ou senha. Não me lembro de nada.

É tão bizarro ver o quanto eu era alegrinha e esperançosa antigamente. É bizarro porque eu acho que sou alegrinha e esperançosa até hoje.

A diferença hoje é que fico toda alegrinha e esperançosa sem fazer nada. Antigamente eu ainda tentava. Ou achava que tentava.

Família

E eu me apoio neles, e sei. Não um apoiar dependente, não um apoiar que me exija medir quem sou pelo que eles são. Um apoiar de afeto e de preocupação. Um apoiar de querer matar num dia, e de querer proteger do mundo no dia seguinte.

Sempre soube que devia ter cabeça. Sempre fui eu a cabeça que segurava as tristezas que eles tinham, até que melhorassem. Por vezes explodi, e por longos períodos estive mal o suficiente pra só conseguir pensar em mim. Porque egoísmo é maldade. Egoísmo é cruel.

Pensar em si mesmo acima de tudo não é ser egoísta, é ser consciente. Consciente de que, se você não está bem, não pode ajudar ninguém. Durante algum tempo pensei em mim num sentido ruim, no sentido de querer que todo mundo explodisse. E mesmo que nesses períodos não tenha pirado o suficiente a ponto de não me preocupar em decepcionar alguém, pirei o bastante pra não enxergar quem precisava de ajuda.

Mas e agora? Agora é diferente. Mantenho minha cabeça erguida, e o olhar no horizonte. Eu abro as asas e acolho, mas sem perder o foco. Se eu tivesse explodido minhas mágoas ontem, não viveria momentos como os que vivi hoje. Momento de ficar deitada com a minha mãe na cama, brincando de apertar. Momento de conversar com ela sobre bobagens. Momentos bobos e aparentemente sem importância, mas que sei que significaram muito pra ela.

Talvez por ter passado tanta coisa dentro da minha cabeça a um tempo atrás, eu consiga não julgar o meu irmão da maneira que julgaria antigamente. Eu consiga entender o momento que ele vive, e o quanto ele está de saco cheio disso tudo. Talvez por todo o passado eu consiga entender a personalidade dele, as preocupações. E por isso tudo sei que o que ele tem não é falta de sentimento, de maneira alguma. O que ele sente é apenas o medo do abandono, e isso gera esse distanciamento dela. Porque o amor dela sufoca, e isso é um fato. Sufoca e desampara ao mesmo tempo. Porque ela no fundo é uma criança, e sei que ele ainda não está preparado pra ser o adulto que ela precisa. Ele vive agora o momento dele, de ser ele e se afirmar. Ele vive o momento do egoísmo, e isso é normal. Tendo eu vivido, não posso julgar.

No final, somos todos um bando de malucos, que pelos problemas da vida não aprenderam direito a conviver com o amor. O amor pra nós todos sempre acabou significando abandono, de alguma maneira. Sempre acabou significando mágoa, frustração. É difícil amar a família, porque fica parecendo sempre obrigatório. E pra pessoas como nós, que durante muito tempo contamos apenas com nós mesmas, fica ainda mais difícil. Fica difícil confiar e aceitar alguém de fora. Fica difícil se redescobrir e perceber que o amor familiar não é um fardo. É complicadíssimo crescer e entender que é um amor natural, não obrigatório.

Ao menos eu entendo assim. Eu amo a minha mãe hoje pela pessoa que ela é, e não por ser minha mãe. Eu admiro as coisas que ela fez, mesmo não concordando com muitas. Admiro por saber que pra ela era o certo, e por saber que ela fez o seu melhor, deu o seu melhor por nós. Hoje amo meus irmãos pelas pessoas que eles são, e pelos adultos maravilhosos que se tornarão. Eles estão crescendo, e é estranho pra mim ver isso, e por vezes difícil de compreender. Mas eu os amo. Amo o jeito do irmão menor de ser bom e simpático com as pessoas. Admiro a coragem do irmão do meio. Eu olho pra eles e já não quero mais que sejam ou pensem como eu. Cada pessoa é de um jeito, e cabe a nós aceitar e guiar no que for possível.

Escrevi demais. Mas precisava. Escrever é sempre bom, e quando coloco pra fora, parece que fica mais organizado do que quando está solto dentro da minha cabeça. Mas chega.

Mais do que nunca.

Não gosto dessa expressão. Não gosto mesmo. Prefiro 1000 vezes dizer "mais do que sempre".

Sendo assim, a comparação se mede ao sempre, a tudo que aconteceu. Se mede ao que passei, ao que passou.

Eu amo mais do que sempre. Eu vivo mais do que sempre. Estou feliz mais do que sempre.

Muito mais bonito assim.

"Sua biografia?"

Mayfly - "Assim como viver sem ter amor não é viver..." diz:
*é uma menina. que quer ser escritora. e gosta de beber muito, encher a cara. e gosta de caras. e é muito intensa e muito entregue a vida. Basicamente, é sobre isso =)

           Dopamento Absolutista..        - Wondering, just wondering... diz:
*Sua biografia?

Mayfly - "Assim como viver sem ter amor não é viver..." diz:
*HAHAHAHAHAH meodeos >.<


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Achei legal, engraçado. Achei divertido ler isso. Eu gosto dessa imagem que as pessoas fazem de mim, de alguém intensa, entregue. Talvez eu seja assim mesmo, e nem perceba tanto.

Se eu não fosse um ser humano (aliás, será que sou?), eu seria um impulso. Sim, um impulso. Eu seria aquela vontade louca, descabida, incontrolável. Eu seria o empurrão à beira do precipício.

Do dia em que decidi não dizer não quando queria dizer sim, minha vida melhorou imensamente. Não há arrependimento do que se faz, o arrependimento mora naquilo que não se fez. Daí fiquei assim, desmedida. E se não fosse o meu desmedimento, eu não estaria aqui agora, feliz.

Então eu gosto. Gosto dos impulsos, gosto de ser assim. Gosto de ser aquela que sempre vai quando quer, aonde quer. Eu gosto de mim assim. Gosto do estilo "tolice é viver a vida assim sem aventura..."

Então eu deixo ser pelo coração. Se é loucura, então melhor nem ter razão.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ainda me impressiono com o modo como as pessoas da minha família conseguem agir. Eu não deveria, visto que convivo com eles desde sempre. Mas sempre acabo me surpreendendo com o modo meio frio, meio insensível com que eles agem.

Daí temos uma viagem pra fazer. Uma viagem na qual eu na realidade não gostaria de ir. Mas como sou uma idiota cheia de consideração, eu vou. E meu irmão, com toda a sua coragem e falta de qualquer sentimento pela família, resolve não ir. E aí ele vai ficar aqui, sozinho, o final de semana inteiro. Onde eu gostaria de estar, sozinha.

Se eu falasse que não queria ir, seria um absurdo do qual eu nunca seria perdoada. Se eu não fosse, em quem eles iriam descontar o estresse? Se eu não fosse, quem eles humilhariam e quase levariam a loucura? Meu irmão pode ficar, e com isso me fazer viver o seguinte diálogo:

- Seu irmão não vai.
- Eu vou (seguido de um sorriso)
- ah. (e a cara de desdém)
- Ah, claro, seu filho querido não vai né.
- É, você falou bem, meu filho querido não vai. (e isso não foi irônico, foi sério)
- Eu vou, vai ser bom, viagem em família.
- Meia família, porque seu irmão não vai.

Mas eu nunca poderia. Porque ainda não aprendi a não ter consideração. Eu ainda não aprendi a ser filha da puta e ligar o foda-se. E quer saber o pior? Acho que esse é o tipo de coisa que eu nunca vou aprender.

Talvez nem queira.

Mudei.

As vezes é bom mudar. De repente a casa do meu pensamento me pareceu pequena demais, quando percebi que ela também cairía em esquecimento. Tudo cai. Um dia meus pensamentos todos vão eporar e ir embora, e mesmo aqueles compartilhados serão esquecidos.

Quantos gênios já não foram esquecidos? Quantos dos lembrados ainda serão lembrados daqui a 10, 20, 50 anos? Eu, na minha humilde condição, não posso querer ser lembrada. No dia em que morrer a última pessoa que me conheceu, morre a real memória sobre quem fui. Os resquícios que sobrarem de alguma maneira, irão embora em bem pouco tempo depois disso. Eu não sei quem foi minha tataravó, nem o que se passava pela sua cabeça. Minha avó morreu, logo, morreu a última memória sobre quem minha tataravó foi. E isso é só um exemplo relativamente recente.

Enfim, mudei. Mudei de endereço, porque talvez tenha mudado por dentro. Eu quero viver hoje e eu não me preocupo em ser lembrada. Eu não me preocupo mais em fazer algo bonito e grandioso pelas pessoas, porque se fizesse algo hoje, a gratidão e consideração já não existiriam amanhã.

Comprovado foi que as pessoas lembram o que lhe aconteceu de ruim. Memória ruim, sentimento de ódio, é isso que dura. As coisas boas são esquecidas muito antes, mas os detalhes de cada coisa ruim são facilmente lembrados. Talvez sejamos naturalmente cruéis e vingativos. Talvez eu seja uma das únicas idiotas que lá no fundo (ou não tão no fundo...rs...) ainda acredita nas pessoas e não liga a mínima pras coisas ruins.

Mas mesmo eu, em todo o meu suposto desapego, lembro bem das coisas ruins. Não revivo e não sinto novamente, mas me lembro. Sobre as boas? Lembro bem das recentes apenas. Um exemplo? Enquanto lembro com detalhes de todos os finais, os inícios são só uma mancha na memória.

Finalizando, um trecho da letra de música que inspirou meu novo endereço:

"Open your eyes; we're not in paradise
How can't you see, this stress is killing me
Fulfill your dreams; life is not what it seems
We have captured time
so time made us all hostages without mercy

Seemingly generous fooling ourselves

Selfishly venomous time tells

Too much thinking goes at the cost of all our intuition
Our thoughts create reality
But we neglect to be!
So we're already slaves of our artificial world
We shoudn't try to control life
but listen to the laws of nature"
Consign to oblivion - Epica