terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Here's looking at you, kid"

Ou "Sobre como Richard Blane tem colhões".
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Ontem corrigi um erro quase imperdoável. Depois de 21 anos de vida (e vamos colocar aí, uns 11 ou 12 de "consciência cinematográfica"), eu finalmente assisti Casablanca. Era mais um filme que eu já havia lido tudo a respeito, ouvido a trilha (linda por sinal, As time goes by trás lágrimas aos olhos do mais bruto dos homens, tenho certeza), enfim, mais um filme que eu sabia tudo a respeito, mas nunca tinha conseguido assistir.

Não ter assistido Casablanca era um erro que já estava beirando a insanidade: Como podia alguém com internet banda larga e tv a cabo não ter assistido tal clássico? Enfim, baixei o filme e fui corrigir meu erro.

De início já me apaixonei, o filme é de [e se passa em] uma das minhas décadas favoritas na moda e no cinema, e conta com o ator que para mim é o supra-sumo do charme e da elegência masculina: Humphrey Bogart. Isso já seria suficiente para agradar, uma vez que passar uma hora e pouca assistindo Bogart me traria de qualquer forma um deleite imensurável. Não bastando tal fato temos ainda Ingrid Bergman, uma das atrizes mais lindas e talentosas de sua geração, e o colírio Paul Henreid (que também é um charme, mas seu charme neeem se compara ao de Bogart).

Enfim, dar qualquer opinião mais fundamentada sobre o filme seria chover no molhado. Nesses 68 anos de existência, tudo já foi falado nesse sentido. Seria audácia minha discutir a qualidade de um filme que ganhou os Oscars de melhor filme, diretor e roteiro e que foi indicado a mais algumas categorias. Aqui vão minhas opiniões pessoais sobre a coisa toda:

- Gosto muito de filmes antigos pela carga de sensibilidade que carregam. Os personagens são costumeiramente mais humanos, mais plausíveis. Os dramas vividos, apesar de por vezes exagerados, eram ainda assim possíveis: Amores impossíveis, pressões sociais da época, dificuldades trazidas pela guerra e semelhantes, união, amizade, família. Talvez os filmes fossem mais sensíveis porque as pessoas ainda eram, existia no mundo uma espécie de inocência, uma crença no amor e nos valores e princípios. Ainda existia honra.

- A abdicação do amor em nome de algo maior é um tema que sempre mexe comigo, então não poderia ser diferente. Vemos no filme um homem que chora, que sofre, e que ainda assim é Homem. Um homem com honra, coisa realmente difícil de se ver hoje em dia. Ele abre mão da mulher amada, pensa pelos dois, e compreende que é necessário que ela vá. Que homem faria isso? Que homem conseguiria não pensar com egoísmo, tendo a oportunidade de manter aquela que ama por perto? Pois é, Rick não pensa com egoísmo, e tem colhões para deixar que ela vá.

- O final do filme é perfeito. Sem exageros, sem melodramas. "Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship". Temos enfim um final feliz. Sem a felicidade rasgada dos romances da época (que eu também gosto, mas enfim, não se aplicaria...rs...). Sem um beijo fulminante. Um final real, em que duas pessoas se amam muito, mas se separam sabendo que aquele amor não seria possível e não as faria realmente felizes. No mais, eles sempre terão Paris.

Enfim, olhando agora não me arrependo de não ter visto antes. Talvez eu não compreendesse muitas coisas se tivesse visto o filme a alguns anos atrás. Talvez eu ficasse desesperada achando que ela deveria ficar, e eles lutariam e seriam felizes para sempre. Hoje não. O final de Casablanca entrou definitivamente para a minha lista de melhores finais de filme. Simplesmente perfeito.
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P.s.: Deos, como sou péssima para expressar opiniões sobre filmes @_@

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