sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Bateu vontade da sensação de um 6b chanfrado deslizando suavemente pelo papel. A sensação de liberdade que dá desenhar aleatoriamente, sem se preocupar com beleza ou realidade. A sensação pura e simples de esquecer da vida, se desligar de tudo e apenas soltar a mão. Desenhar liberta. Escrever também. Cantar também. Dar a louca e gritar também. Rolar no chão também. Pintura a dedo também. Massinha de modelar também. Lego também. Video game também. Ouvir música também. Correr na rua com os braços pro alto também. Deitar no chão e olhar o céu também.


Daí eu me pergunto, na minha humilde inocência: Se tanta coisa liberta, porque todo mundo vive preso?


Liberdade dá medo. É aquela coisa que todo mundo quer, mas ninguém sabe o que é. A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. Mas o que é diversão? O que é arte? Desejo necessidade desejo necessidade vontade. Assim, sem ponto, pra confundir. A gente confunde desejo e necessidade. E não sabe o que é liberdade. A gente deseja liberdade ou necessita? Necessário é o básico (e alguns vão achar necessário um Blackberry, mas blackberry é desejo, né? Ou não?). Necessidade é comida, desejo é filé mignon. Liberdade é desejo, e é necessidade.

Mas se não sabemos o que é, como necessitar ou desejar? A gente deseja o desconhecido. Deseja a utopia do que a liberdade seja. E aquilo tudo que eu falei liberta. Me liberta. Me deixa solta. Me deixa free. Mas ninguém quer. O desejo e a necessidade de liberdade se limitam ao pão com manteiga. E eu quero queijo. E quero derretido, com o pão torradinho. Quero liberdade mesmo se eu não fizer idéia do que ela seja.

E talvez seja pirar. Talvez seja viver no limiar. Talvez seja abrir os braços e deixar o vento correr, e dar um grito e nem reparar que as pessoas ao redor estão olhando. Eu já fui livre, mas agora sou só pensamento. E liberdade e pensamento não convivem muito bem. Talvez quem mais deseje liberdade seja quem menos a entende.

Porque enquanto o pensamento para pra pensar, a liberdade corre solta por aí.

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