terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Dandara e a bolha, a vida e o mar.

Dandara acorda de manhã, toma um banho rápido e se veste pra sair. Olha o relógio, seis e pouca da manhã. Coloca uma música pra tocar enquanto tenta arrumar o cabelo. Ela pensa na vida, na bolha e no mar.

A vida é isso aí que a gente vê. Vemos a vida nos jornais, nas revistas, no posto de gasolina e no monte de merda no chão do ponto de ônibus. O monte de merda cheio de moscas, que faz tudo feder ao redor. Quem defecou no ponto ainda teve o trabalho de espalhar um pouco nos vidros do mesmo, só pra feder um pouco mais. Ela se pergunta porque raios alguém se daria ao trabalho de cagar e espalhar a merda. Vandalismo gratuito. Daquele tipo sem propósito e sem explicação. Porque ela acredita que algum vandalismo é válido. Terrorismo poético não é afinal um tipo de vandalismo?

A bolha é onde ela se esconde da vida. Não de toda a vida, mas só desse tipo de situação. Na bolha toca sempre alguma música bonita, e ela abstrai todo o resto. O som da rua não existe, o cheiro de merda se torna imperceptível. Na bolha ela mora sozinha, e decora a casa como quiser: As paredes da bolha são brancas, e na parede está escrito "Aqui é longe", em letras pretas e cursivas. Na bolha não tem móveis, porque ela não gosta de móveis mesmo. Não tem TV na bolha, só tem um som. Um som, uma cama, um abajur vermelho e luzinhas de natal penduradas nas paredes.

E tem o mar. E o mar dispensa explicações.

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