segunda-feira, 30 de novembro de 2009



Deos, como eu adorava isso!
"Vai, sem duvidar
Mas se ainda faz sentido, vem
Até se for bem no final
Será mais lindo
Como a canção que um dia fiz
pra te brindar..."

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quando parece que está tudo dando certo, sempre vem alguma coisa pra me fuder a vida.

Merda de vida, e de monte de dinheiro que eu acabei de perder. Merda =/

Quando é que vai tudo começar a dar milagrosamente certo?

É. Milagres não existem. Daí eu tenho sempre que me ferrar um pouco mais.

Ele morreu.

Depois de, sei lá, quase 5 anos de companheirismo, ele se foi.

Se eu soubesse que ele não voltaria, não teria desligado.

É duro me despedir do meu nokia 3220, depois de tantas aventuras que vivemos juntos.

Nunca vou achar um celular tão parecido comigo: Escandaloso e colorido. Que pisca feito uma discoteca quando toca, que quase cai da mesa quando vibra.

Eu ainda lembro do dia em que ganhei ele, meu pai me deu, no Center shopping. Lembro dos tombos que ele levou, e das milhares de conversas legais que tive nele, e das milhares de sms que recebi.

É com MUITA DOR NO CORAÇÃO (e uma pitada de drama, eu sei), que me despeço do meu Celular.

Nokia 3220 - dezembro de 2004/novembro de 2009. Descanse em paz.
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Celulares deviam durar pra sempre. Eu não ligo pra esses celulares mudernos cheios de coisas chic, e não vejo essa graça toda em trocar de celular todo ano. Sim, eu me apego. HAHAHAHAHAHAHA droga.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Complementando o outro texto (são pensamentos demais sobre os assuntos..rs..e quero colocar pra fora, porque sei que vou me sentir bem lendo isso daqui a um tempo. Meus arquivos sempre me ajudam a seguir. Sorteio um mês, depois um dia, e ele sempre algo a me dizer. Acho que essa é a real auto-ajuda. HAUAHAUAHAUHA), penso demais nessa coisa de pessoas x futuro.

Acho que o erro da maioria das pessoas (e o que torna os relacionamentos pesados, sejam do tipo que forem), é justamente olhar a pessoa como uma possibilidade de ser feliz. Isso é bastante egoísta, porque acabamos vendo na pessoa aquilo que gostaríamos que ela tivesse, e deixando de amar quem ela realmente é. Não me excluo dessa "maioria das pessoas", porque já fiz isso, óbvio (todo mundo faz isso em algum momento). Mas uma vez foi suficiente pra que eu entendesse o quão errado e ruim é fazer isso.

Quando conhecemos alguém existe toda aquela mágica inicial. Olhamos a pessoa e só enxergamos coisas boas, e mesmo as características aparentemente ruins soam pra nossa mente como algo que podemos "consertar". Como se pudéssemos "salvar" a pessoa de algo ruim. Ou, estando na posição contrária, enxergamos a pessoa como a salvação pro que temos ou sentimos de ruim. E é aí que mora o perigo e o erro. Se depois de um tempo ainda continuamos com esse pensamento mágico de salvação o destino disso tudo é o fim. Não falo apenas de relacionamentos amorosos, mas amizades são assim também. A verdade é que, a certa altura, temos que enxergar que aquelas coisas "ruins" fazem parte de quem a pessoa é, e ai das duas uma: Ou vemos que essas coisas são demais para serem suportadas, ou nos "apaixonamos" também pelo lado "ruim".

Ninguém precisa de salvação. O conserto pro que for realmente ruim mora dentro de cada um, e cabe a pessoa aceitar seus pontos fracos e revertê-los por conta própria. Lógico que, a partir do momento que alguém nos pede ajuda, podemos falar abertamente sobre o modo que pensamos em relação àquilo. Mas isso passa bem longe da intromissão (é aquele velho ditado "se conselho fosse bom não se dava, vendia"..hehehe). Quando nos colocamos na posição de salvadores ou de vítimas, estamos projetando nossos problemas ou supostas soluções no outro, e isso é péssimo. E aí nasce essa esperança de futuro, essa sensação de que nossa vida só vai ser plena e possível se aquela ou aquelas pessoas estiverem conosco no caminho.

Transformar uma pessoa em muleta ou ser muleta de alguém passa muito longe do amor. A dependência é uma estrada paralela a ele, e essas estradas nunca se encontram (ok, uma criança precisa da mãe, e a mãe ama a criança. Mas é um tipo de dependência totalmente diferente da que estou falando). Muitos relacionamentos caem na dinâmica Joel/Clementine, em que um acha que o outro é a salvação, quando ele é apenas uma pessoa normal, talvez tão confusa quanto. E com isso depois de um tempo olhamos a pessoa e não sabemos quem ela é. Cada mínimo erro se transforma numa catástrofe tão grande, que tudo fica cinza e triste. Quando esse tipo de coisa acontece, parece que vida perde o propósito, porque a decepção nos tira o rumo. Mas foi culpa da pessoa? Não, foi culpa apenas de nós mesmos, que a colocamos num pedestal, quando ela era apenas uma pessoa tão banal quanto nós.

Já me decepcionei bastante, porque eu era assim. Já estive nas duas posições, e em ambos casos simplesmente fui levando, sem perceber o quão destrutiva era a minha atitude.

Talvez por tudo que passei hoje pense da maneira que penso. Hoje penso que amor é inclusão no futuro, mas de uma maneira bem mais leve. Amar é incluir a pessoa nos planos, é pensar em envelhecer junto. Junto com a pessoa e com os defeitos dela. A excitação inicial causada pela paixão tem que dar lugar a aceitação da pessoa como ela é. É bom se apaixonar, e pensar que tudo é lindo. Mas é bom também quando passa todo esse calor inicial e o que fica ainda é lindo.

Termino meu texto citando uma fala da personagem Wendy, do filme Bonecas Russas, que define exatamente meu pensamento:

"I know you're not always perfect. I know you have tons of problems, defects, imperfections... but who doesn't? It's just that I prefer your problems. I'm in love with your imperfections. Your imperfections are just great!

I know most girls they get weak on their knees for what's beautiful, you know, that's all they see, that's all they want. But I'm not like that. I don't just see what's beautiful. I fall for the other stuff. I love what's not perfect. It's just how I am"

É. É como a Wendy é. É como eu sou também.

=)

Rifa

Toda a minha angústia de não conseguir vender nada foi embora quando pensei na palavra "rifa". Meu coração se encheu de luz e alegria! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

Rifas são baratas, eu faturo muito, alguém fica feliz, e quem não ganhar gastou apenas um real!

Com Rifa eu tenho simplesmente 100% de lucro, isso fazendo no barato, pensando no custo como o custo total do produto, o que é menos.

Fiquei muito feliz de pensar nisso, sério. Fiquei MUITO aliviada, e bem mais em paz. O atraso em correr atrás pra vender, causado pela iminência da semana de provas será solucionado com uma rifa!

Deos, estou muito feliz de ter pensado nisso. Só pra registrar. HGAHAHAHAHAHAHAH

Gente feliz não vai embora

É engraçado como condicionamos nossas buscas pessoais à infelicidade. Quando estamos supostamente felizes estagnamos, e esquecemos de todos os desejos da época de insatisfação. Fico as vezes em dúvida sobre isso, serão nossas reais vontades aquelas que temos quando estamos tristes ou quando estamos felizes?

A tristeza (e pode substituir essa palavra por insatisfação ou qualquer outro sentimento semelhante) nos faz egoístas. Quando tristes não pensamos em mais ninguém senão nós mesmos. Fuga é um ato de egoísmo. Assim como suicídio (ok, ele também é fuga), mas essa é outra história. A tristeza trás a tona o que temos de mais profundo, os desejos mais escondidos. Alguém que um dia some definitivamente não era feliz.

É certo que muita gente gostaria de sumir e não o faz por falta de coragem, mas ainda assim, continuo estando certa: Só pensar na fuga já caracteriza o desejo do escape, gerado pela insatisfação, mesmo que esse desejo não seja consumado.

O que acho estranho é o seguinte fato: Quando de repente, por um motivo qualquer que seja, ficamos felizes e satisfeitos de novo (mesmo que apenas em alguns aspectos da vida), o desejo de ir embora adormece. Daí começamos a colocar uma porção de barreiras na frente dele: As pessoas, o dinheiro, a rotina. Quando felizes, isso tudo vai se tornando motivo pra ficar (mesmo que continuem sendo motivo de insatisfação). E isso faz eu me perguntar: Será que a felicidade nos torna covardes? Porque basta ela acabar pra que pensemos de novo em ir embora.

No final, creio que o desejo de simplesmente ir seja apenas gerado pela insatisfação, como se um lugar novo pudesse nos fazer deixar todo o sofrimento pra trás e recomeçar. E esse é o motivo errado pra ir embora. Porque as nossas angústias continuam morando no peito, e a distância amortece a dor, mas não mata. Acabamos numa fuga incansável de nós mesmos, e é impossível fugir de si mesmo. Ir embora porque algo deu errado é como depositar toda a nossa esperança de futuro em alguém: Costumeiramente frustrante.

Durante períodos ruins, quis também ir embora pra longe. Já quis ir viver em fazenda hare krishna, em São Tomé das Letras, em Paraty, na Argentina e em mais incontáveis lugares. Já planejei, sozinha ou com alguém. Mas sempre que eu parava e pensava em ir embora como fuga, eu colocava a cabeça no lugar e dizia o seguinte pra mim: Que é bom ir embora tendo pra onde voltar. Não por medo de dar errado, mas por saber que você saiu bem, que você foi embora bem e pode voltar quando quiser ou precisar.

Uma vez eu vi num filme que de repente ficamos grandes demais, e já não nos sentimos mais em casa na casa dos nossos pais. Acho que sempre fui grande demais, porque nunca me senti em casa. Acho que sempre quis ir embora. Durante tempos quis pelos motivos errados, pra simplesmente fugir da bagunça que era a minha vida. Da tristeza que eu sentia por dentro. Ainda bem que não o fiz, porque hoje me sinto feliz por querer ir embora pelos motivos certos. Eu ainda quero a minha propriedade auto-sustentável no meio do nada, e os meus bichos e um pomar. Eu ainda quero um dia vagar por um tempo. Quero as mesmas coisas, mas hoje como sonhos possíveis, não como fugas.

Enfim, fiquei pensando muito nisso esses dias. Nisso e sobre depositar nossa esperança de futuro em outra ou outras pessoas. É um fardo pesado demais pra carregar, ser a esperança de futuro de alguém. Assim como é um peso muito grande pra dar pra uma pessoa, agir como se ela fosse sua esperança de felicidade. Minha mãe fez isso comigo a vida inteira, tentando enfiar na minha cabeça que eu tinha que "dar certo" na vida, em troca de todo o esforço que ela fez e de tudo que passou pra me criar. Durante bastante tempo me senti culpada por não querer o que ela queria que eu quizesse. Por não ter a ambição que ela gostaria que eu tivesse. Durante tempos me senti tudo que ela me dizia que eu era: Fraca, fracassada, idiota, ingênua. Hoje sei que o erro é dela, por colocar um peso tão grande nas minhas costas.

Eu entendo os motivos pelos quais ela gostaria que eu fosse todas as coisas que pensa que eu deveria. Mas mesmo entendendo os motivos, sei que não preciso acatar a opinião dela. Eu tenho a minha. Eu penso por conta própria. Eu nunca depositei esperança nenhuma em ninguém, porque sempre senti que era pesado e ruim. E depois de passar a vida com pessoas que faziam isso comigo, nunca quis fazer com ninguém. Meu ex namorado me fez por dois anos e meio acreditar que não podia viver sem mim. Se tornou um stalker dependente e chato, que me sufocava até o extremo. Ele me fez acreditar que eu não seria feliz sem ele, e que ele não seria feliz sem mim. Era um peso enorme, que deixava a vida toda pesada, e me fazia querer muito fugir, fosse com ele ou sem ele. Super frustrante.

Acho que as coisas que passamos na vida vão moldando nossos sonhos e desejos, mas talvez exista mesmo uma essência em cada um de nós que não muda com o tempo. Uma coisa qualquer lá no fundo que nos torna únicos, e que não mudaria fosse qual fosse nossa criação. Eu cresci sendo muito amada pela minha mãe, apesar de tudo. Mas eu vi ela se ferrar em uma porção de relacionamentos, eu a vi apanhar, a vi depender de pessoas das piores maneiras. E ainda assim eu sempre acreditei em relacionamentos, em casamento-feliz-pra-sempre. Em bodas de prata, ouro, diamante e o que quer que fosse mais valioso. Isso deve vir de dentro, não?

Eu sempre morei na cidade grande, mas sempre qus ir pro interior, e nas vezes que tive oportunidade, mesmo em viagens curtas, me senti extremamente feliz. Me senti inserida, contente, diferente do despertencimento que sentia na escola. Sem ninguém me dizer que seria melhor. Minha mãe me ensinou desde pequena que eu tinha que ser rica, independente financeiramente. Que não deveria casar, que casamentos são uma ilusão e nunca dão certo. Durante algum tempo (dos 5 aos 9 anos, mais precisamente), eu dizia a todos que casamentos eram uma coisa horrível, que eu ia viver sozinha e ser feliz. Apenas a reprodução do que eu ouvia (como toda criança faz, fato). A verdade é que desde que tomei consciência dos meus próprios pensamentos, eu acredito nas coisas mais frufru e bonitinhas que existem. Sempre quis uma vida simples, uma família, uma casa no campo e uma porção de amigos ao redor. E por isso tudo acredito realmente que cada um tem uma essência própria.

Retomando o início do texto, talvez ir embora esteja na essência de algumas pessoas. Mas penso mesmo que só vem a tona quando o desejo de ir continua mesmo quando elas estão felizes. Inconstância e insatisfação pra mim não tem relação. Talvez seja alguma coisa cigana por dentro, que impulsiona, que faz querer sempre ver mais lugares, conhecer mais pessoas. Uma inquietação sem tamanho, que não cessa simplesmente porque estamos bem. Pelo contrário, talvez em pessoas com essa essência a felicidade seja o combustível da mudança. E talvez eu seja assim. Eu só consigo ter vontade de seguir e mudar pra melhor quando estou feliz. Porque a tristeza só trás mesmo os motivos errados. E eu entendo que seguir/mudar são coisas diferentes de fugir.

Blah. Gente feliz não vai embora. Gente feliz flui por aí.
Como pode ser conferido no texto de ontem, eu estava com uma imensa vontade de não fazer nada. Daí assisti "Julie & Julia" logo após escrever o texto.

Parece bobo, mas foi suficiente pra me dar ânimo. Me identifiquei com a personagem principal e toda aquela coisa de não levar projeto nenhum até o final (triste, eu sei). Mas, sabendo que é uma história real, e que ela foi e fez, me senti animada pra continuar. Hoje acordei com vontade de levar tudo adiante, de correr atrás e chegar a algum lugar.

Então mesmo não sabendo que lugar é esse, eu quero chegar lá. Quero dar o meu melhor e chegar. Dá vontade de sair listando tudo que eu quero fazer, porque eu AMO fazer listas, mas acho que dessa vez não farei nenhuma. Vou guardar meus objetivos pra mim, assim se eu decepcionar alguém por não conseguir, esse alguém será apenas eu mesma. Ou talvez eu surte e volte daqui a 5 minutos pra listas tudo. Sei lá.

Agora eu vou tomar banho, porque o calor está me matando x_x

domingo, 22 de novembro de 2009

Estou sentindo uma vontade incrível de não fazer nada. Deve ser o final do ano que me desacelera, sei lá. Só sei que estou com essa vontade de deitar na cama e não levantar mais.

Queria saber o que faz tudo ser tão difícil pra mim. Não no sentido do mundo tornar difícil. Pelo contrário, o mundo tem deixado as coisas bem fáceis pra mim. O difícil mora dentro de mim, é essa vontade de não andar, de não mudar. É estanho, eu simplesmente me sinto mal as vezes. Mesmo sabendo que tenho trocentas coisas pra fazer, fico aqui sentada, sem fazê-las.

Droga. =/

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu não consigo escrever. Tem tanta coisa na minha cabeça, que a imaginação não consegue fluir, minha criatividade está trancada numa caixinha.

Acho que eu estou precisando ir pra cozinha hoje. Fazer um bolo, um pão, qualquer coisa. Fazer alguma coisa gostosa e comer feliz, sabendo que fui eu que fiz. Deos, eu odeio muito me sentir assim, estou completamente angustiada.

Pra completar, minha mãe está indo viajar. Sempre fico meio tensa quando ela está muito longe (aliás, quando qualquer pessoa de casa está longe). Não é dependência nem nada do tipo, é só preocupação. Sempre dá medo de alguma coisa acontecer. Não que eu vá dar crédito ao medo, mas mesmo tentanto tirá-lo da cabeça, sempre fica um pouquinho de angústia por causa dessas coisas.

Blah
Estou me sentindo super sem nada a dizer. Me sinto meio vazia por dentro, acordei assim. Parece que nada nunca está organizado e bom o suficiente, e por mais que eu me esforce, eu tendo a desorganização. Eu arrumo tudo hoje, sabendo que minha tendência natural vai fazer tudo estar uma bagunça amanhã. Não falo em sentido figurado, definitivamente não. Eu não estou falando da minha cabeça, essa anda bastante organizadinha. Estou falando das coisas todas mesmo. Do quarto, do blog, do orkut, da caixa de e-mail, do caderno. Estou falando da minha falta de capacidade de manter tudo no esquema, que me angustia e me dá vontade de chorar.

Talvez eu seja meio irresponsável. Porque gente responsável consegue se manter organizada. Talvez eu só esteja me sentindo assim porque com toda a bagunça e falta de horários da minha vida eu ainda não consegui dedicar um dia sequer a vender os doces que já fiz. Isso me sufoca, porque sei que preciso me esforçar mais. Sei que preciso de um pouco mais de organização.

Hoje acordei me sentindo muito estranha. Acho que esse feriado vai ser bom pra colocar o que está dentro da cabeça pra fora, e organizar tudo. Acho que vou começar a criar metas pra mim mesma. Talvez com um pouco de desafio eu consiga agir, porque eu odeio quando me decepciono. Eu preciso que isso tudo funcione, que dê certo.

Nhá, essa sensação me faz um mal danado. Droga.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Procurando por banalidades no google, acabei chegando por acaso a um site de apoio a pais de crianças com um determinado problema (que não sei a tradução, o site era em inglês). Comecei a ler as histórias das pessoas, e cheguei na página de uma menininha, morreu em 99 (o site tem tempos, e acho que está meio desatualizado). Ela era bem novinha mesmo, acho que tinha uns 12 anos, e passou por diversas cirurgias ao longo dos seus anos de vida. Muitas cirurgias MESMO. Haviam fotos ao longo da vida dela, fotos de passeios, de escola, de festas. Comecei a reparar que em todas as fotos ela estava sorrindo. E eu comecei a chorar.

As vezes reclamamos de umas coisas tão idiotas. Quando eu vejo uma criança que, apesar dos problemas, continua lá sorrindo, eu me sinto mal. Esse papo todo de dar valor a vida parece bem clichê, mas é real. É preciso dar valor, muito valor. Eu acredito realmente que nada é insuperável. Pessoas com problemas tão maiores, que poderiam estar reclamando, estão lá lutando pra ficar vivas. Estão lá sorrindo e seguindo em frente, dando valor a cada dia, porque elas sabem que qualquer dia pode ser o último. Eu me sinto mal por não atender todas as vezes que a minha mãe e irmãos chamam. Por não falar mais com meus amigos. Por não olhar mais pro céu e sorrir por nada.

A vida é curta, reclamamos por pouco, saímos daqui sem nada. Quanta gente não deseja morrer, quando tem capacidade pra ficar viva e fazer melhor? Quanta gente não desiste de primeira e simplesmente sobrevive?

Me sinto terrivelmente mal por dentro, ainda mais por saber que muitas crianças com problemas são largadas de lado. São postas em instituições e crescem sozinhas. E pensar em crianças sozinhas me faz sentir ainda pior. A menininha do site teve sorte, por ter pais que acreditaram serem abençoados por serem escolhidos para tomar conta dela durante sua vida na terra. Mas e todas as outras que não tem?

Uma vez fui numa instituição para crianças e adolescentes com deficiência física e/ou mental. Crianças que eram abandonadas lá pelos pais. E que cresciam lá sozinhas, a maioria esperando a morte e mais nada. Haviam por lá enfermeiras que eram realmente carinhosas, e cuidavam deles como se fossem seus filhos. Mas ainda assim eles estavam sozinhos.

Tinha um menino lá com um problema sério de má formação nas pernas. Um menino esperto, inteligente, divertido. Tinha por volta dos 6 anos. Eu tinha uns 11. Depois de ver todas as crianças, saí de lá cambaleando. Eu não conseguia respirar, não conseguia andar, eu não conseguia pensar em nada. Fiquei mal por semanas. Do auge dos meus 11 anos eu não conseguia entender como alguém consegue abandonar uma criança esperta, inteligente e divertida, simplesmente por não querer conviver com um problema, por querer uma criança "perfeita". Fiquei sabendo lá que muitos abandonam por não terem realmente condições financeiras de cuidar. Mas muitos porque não querem uma criança "anormal", e lá naquela época isso já não entrava na minha cabeça.

Um monte de anos se passaram, e eu continuo não entendendo. Eu não entendo como alguém pode ser tão pequeno de alma. Porque eu sei que se eu tivesse um filho com problemas, eu ia me sentir como os pais da menininha: Abençoada por cuidar dele, por dar o meu melhor por alguém. E eu não consigo aceitar que alguém pense diferente.

Enfim, fico aqui chorando rios, pensando nessa porção de coisas. Acho que sou sentimental demais =/

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A menina do canto

O canto não precisa ser o espaço físico canto, aquele lugar da sala de aula onde fica a última carteira, encostada no encontro das duas paredes. O canto pra menina do canto pode ser mesmo na frente da turma, na carteira do meio, de frente pro professor. A menina do canto vive no canto porque ela não expande, ela não tenta nem um pouco falar com as pessoas ao redor, ela realmente prefere viver isolada no seu cantinho, sem ter trabalho pra se relacionar com ninguém dali. Ela sente medo. E angústia. Ela se sente nervosa mesmo com a mínima possibilidade de ter que abrir a boca na sala de aula. Ela é insegura e tímida, muito tímida.

Existem as meninas do canto na escola, na faculdade, no trabalho, na internet, na vida. A menina do canto nunca vai levantar a voz ou discutir, porque mesmo que ela seja percebida, nunca é por expressar alguma opinião. A menina do canto costumeiramente é uma aluna acima da média, e os professores até sabem seu nome. Mas seu bom desempenho se resume a provas escritas, porque ela simplesmente não consegue abrir a boca pra falar alguma coisa.

Entendam, as meninas do canto podem ser meninas do canto em apenas um ambiente (ou não ser meninas do canto em apenas um). Muitas meninas são meninas do canto na escola/faculdade, ao mesmo tempo que são as piadistas da família, sempre brincando e falando com todos. Elas podem ser meninas do canto no trabalho, e ter vários amigos na faculdade. Ser menina do canto em um meio não faz com que ela o seja em todos. É tudo uma questão de conforto: Ao se sentir desconfortável, em qualquer ambiente que for, a menina se vira pra dentro, e só de ter que responder a chamada (por exemplo), seu coração dispara de nervoso.

A menina do canto pode acabar sendo enxergada como "pedante", "metida", e outros adjetivos similares. Porque as pessoas relacionam sua expressão sempre séria e distante com desprezo pelos outros. Puro engano e pré conceito. Normalmente as meninas do canto são gente boa, ajudam os outros e estão sempre prontas a falar com todo mundo. Mas elas tem medo, muito medo do convívio. Elas tem medo de se decepcionarem, e de decepcionarem os outros. E esse medo faz com que se fechem em suas bolhas.

Sabe aquela menina sentada no banco da escola/faculdade, com fones no ouvido e um livro ou revista na mão? Ela é uma menina do canto. O fone no ouvido faz com que ninguém vá falar com ela, visto que ela não ouviria. Isso afasta as pessoas, porque ninguém quer atrapalhar alguém que ouve música. O livro faz com que ela não precise olhar pra ninguém, e assim não estabelecer contato visual, o que poderia levar a um diálogo. E assim ela fica ali, no seu auto-isolamento.

Existem casos de meninas do canto em todos os ambientes. Elas são as meninas do canto em festas de família, na sala de aula, no trabalho. Elas vivem como sombras, se esgueirando do contato com os outros e da exposição. Muitas viram senhoras solitárias em apartamentos antigos. Outras acabam se casando com aquele namorado sem sal que conheceram ainda na escola, e pelo medo da mudança ficam com ele a vida inteira. Algumas poucas em determinado momento da vida se rebelam, tomam coragem e vão realmente viver.

Não digo que toda pessoa calada em algum ambiente seja necessariamente uma menina do canto. Mas por todas as características, elas são facilmente reconhecíveis. No fundo, acho que tudo que elas esperam é que alguém as pegue pela mão, as levante da cadeira e as faça viver. Tudo que elas precisam é de um pouco mais de auto confiança, o que pra um serumano comum pode parecer banal. Mas se você é uma menina do canto, qualquer mínimo passo é uma grande vitória. E não se pode deixar ninguém julgar como se não fosse.

Eu sei que não. Porque eu sou uma.
"The Blacksmith and the Artist
Reflected in their art
They forge their creativity
Closer to the Heart"




né?
Essa noite sonhei que estava dormindo e acordava numa cama no meio de um gramado enorme. Já tive sonhos parecidos antes, mas esse foi especialmente bom. Eu abria os olhos e estava numa cama muitomuitomuito bonita, de madeira e bem enorme, com a cabeceira toda trabalhada. A cama era realmente muito grande. Eu estava sozinha, mas não me sentia sozinha, o céu estava muito azul, e haviam algumas árvores ao redor (mas bem espaçadas. Era mais um gramado mesmo). Daí eu levantava, e estava com um vestido azul, da cor do céu, cheio de nuvenzinhas estampadas. Estava descalça, e sentia a grama fofa embaixo dos pés.

Daí eu ia andando, andando, depois correndo. Depois eu deitei na grama, meio cansada, e peguei no sono. Ai o meu despertador tocou e eu acordei.

domingo, 15 de novembro de 2009

Um pouco de medo.

Talvez um bocadinho de medo seja um dos ingredientes principais para que tudo dê certo. Quando se sente uma pontinha de medo de dar errado, é porque se quer realmente que dê certo. Sem medo nenhum quer dizer que a gente na realidade não se importa.

E eu acho que estou escrevendo isso pra justificar o medo ENORMEPRACARALHO que eu estou sentindo nesse momento. Deve ser porque está todo mundo acreditando que vai dar certo, e apesar de contar com a ajuda de bastante gente (o que me faz MUITO feliz e um pouco mais tranquila), eu sei que depende basicamente de mim pra que realmente dê. E isso me faz ter medo.

Estou roendo as unhas, arrancando os cabelos (num sentido não literal..HAHAHAH), fico olhando pro nada, tenho vontade de chorar. Doces + provas = combinação bomba. Parece que eu não vou dar conta, que eu não vou conseguir =/

Talvez eu devesse ter deixado pra começar isso nas férias. Mas como não deixei, vou fazer como sempre faço e me virar. E esperar com muita fé em mim que eu consiga x_x
"Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo"
--

Talvez essa seja mesmo a verdade. Manter a mente quietinha, descansada, sem grandes preocupações. Manter a postura, a espinha ereta, a coluna no lugar, enfim, se manter em pé. Manter o coração tranquilo, o que é resultado da mente quieta e da espinha ereta. Deixar ele bater sossegado, disparando apenas ao pensar em sonho, em amor.

Talvez seja mesmo tudo questão de se manter em paz. Uma paz que não vem de lugar nenhum senão de dentro. Muita gente procura do lado de fora a paz que deveria ter por dentro, e se perde. Se perde em meio a relacionamentos, religiões. Se perde em meio a drogas, festas, bebida. É muito fácil se perder quando se está em busca da paz, porque a maioria das pessoas nunca percebe que ela tem que vir de dentro.

Enfim, não quero pensar muito nisso não. Só quero manter minha mente quieta, minha espinha ereta e meu coração da maneira que está: Tranquilo!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cozinha



O lugar que eu mais gosto da casa. Acho sinceramente que gosto mais dessa cozinha do que do meu quarto. Ela me lembra amigos amontoados falando besteira. Me lembra bichinhos no arroz, o Kelvin rindo e a Renata correndo pela casa com o saco, gritando. Ela me lembra sentar no chão pra conversar. Me lembra receitas, as experiências culinárias mais malucas, como o dia em que resolvi fazer macarrão caseiro. Ah, a cozinha! Eu gosto muito mesmo dela. Do fogão de 6 bocas, dos enfeites, dos pinguins em cima da geladeira.

Eu poderia morar nessa cozinha.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009



As vezes é tão difícil.

by http://www.lassehoile.com/
O que muda nossa vida não são as grandes oportunidades que a gente aproveita ou perde. O que muda realmente são as pequenas oportunidades, aqueles momentos em que você podia aproveitar ao máximo e simplesmente desperdiça. Não sou do tipo que pensa muito, e toda oportunidade que tenho de ficar com alguém que gosto e quero perto, eu não penso duas vezes e aproveito. Fodam-se as aulas do dia seguinte, os possíveis problemas. Porque se o momento é possível, então pensar no amanhã é idiotice.

Talvez eu seja impulsiva e despreocupada demais, e deva respeitar que as pessoas sempre serão mais cagonas e preocupadas do que eu. Talvez eu devesse virar uma pessoa cagona e preocupada com o amanhã, mas depois de passar a vida sendo assim, tudo que eu quero é aproveitar cada momento.

Acho que quando a gente ama, quer mesmo aproveitar as oportunidades. Eu sei que amo, mas talvez eu não seja tão amada quanto gostaria, porque eu me sinto SEMPRE em segundo plano.

=/

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Chinelos

Não é que eu não ligue mais pra estar bonita, pra me sentir bonita. Não é que, de repente, eu não goste mais dos velhos all stars e dos coturnos. Não é que eles não caibam mais nos meus pés. Mas de repente andar de chinelos reflete muito mais a maneira como me sinto. Eu quero conforto. Eu quero sentir o vento batendo nos meus pés, andar sem pressa, entender e querer cada passo. Eu quero poder mover meus dedos sem limite de espaço. Quero chegar em casa sem ter os pés cansados e abafados por qualquer outro tipo de calçado.

Saltos são pra quem precisa se afirmar. Pra quem precisa se sentir maior. Praquelas cujo poder não vem de dentro, e precisa ser expressado do lado de fora. Praquelas que precisam da aprovação masculina (ou feminina, vai saber...rs...) para o visual que resolvem usar. Saltos são para aquelas que de alguma maneira, mesmo que interior, não aceitam alguma coisa em si mesmas. Pois se aceitassem sinceramente, não precisariam de artifícios externos. Alguém pode virar e dizer "mas eu uso porque acho bonito". Sim, usa porque acha bonito, mas isso não faz com que seja menos doloroso, ou com que a vontade de tirá-los no final do dia seja menor.

Coturnos são pros que gostam de causar impacto. De alguma maneira, por mais moda ou usual que isso possa se tornar, coturnos vão sempre causar impacto, principalmente quando usados por mulheres. Eu sempre gostei de causar impacto. Nunca fui exagerada ou sem noção, e nunca precisei de escândalos pra isso, mas gostava sim de ser notada assim que chegava. Não por beleza, mas por exotismo. Por ser diferente, impactante, por ter a palavra "impulsiva" estampada na minha testa e nos meus modos, ainda que discretos.

Tênis são confortáveis, muito confortáveis. Você pode andar por tempos e chegar em casa com os pés ainda inteiros. Inteiros, porém abafados. Seus pés chegam em casa querendo a liberdade. E quando você finalmente os tira, os pézinhos respiram aliviados, seja pisando descalços no chão, seja no conforto de um chinelo.

E aqui chego ao ponto aonde queria chegar. Chinelos. De uns tempos pra cá virou moda sair de chinelos pela rua. As pessoas vão de chinelos a festas, a bares, baladas. Puro modismo, apenas tendência. Mas porque essa tendência persiste? Simples: Andar por aí de chinelos é extremamente confortável e libertador (ok, pra maioria é apenas moda...rs...). Pra mim andar de chinelo prova que não preciso de mais nada, nenhum artifício, indumentária ou calçado pra me fazer sentir mais poderosa e confiante. Finalmente ter coragem de sair na rua de chinelos me diz muito sobre mim mesma: Que hoje finalmente tenho a certeza de que sou foda o suficiente pra andar por aí até descalça, e nem por isso perder um alfinete que seja da minha personalidade.

Chinelos. Chinelos me fazem feliz. Me fazem feliz porque eu sou estonteante.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

As coisas só aparecem...

...quando não precisamos mais delas.

Estou eu aqui, feliz e tranquila, quando a tiazinha legal da Siciliano me liga pra chamar pra uma entrevista. Eu rodei TODAS as livrarias, deixei trocentos curriculos. Daí agora, com tudo no esquema pra eu montar minha própria coisa, eles me ligam?

Se Deus existe, ele sofre de uma falta de senso extrema. Pra alguém onisciente, onipresente e onipotente, ele anda meio defasado.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quero uma casinha branca com varanda, que tenha janelas e portas azul colonial, com pé direito bem alto, com sofás coloridos, com poltronas, com arranjos de flores, com cheiro de café sempre no ar. Com corredor comprido, com cozinha grande, com panelas penduradas, com colheres de pau enormes, com cheiro de doce, com frutas, com legumes, com ovos daqueles enormes que a gente não acha no mercado. Quero plantar, colher, correr, comer, deitar na grama e olhar o céu. Quero céu azul. E vento. E chuva até, pra ver tudo crescer mais viçoso e bonito. Quero um sino na varanda, e lanternas coloridas no quintal. Quero amigos e almoços e família. E fogueiras, e festas e histórias.

Eu olho agora e ainda quero tudo que eu queria a trocentos tempos, mas sei lá, eu quero ainda mais. Eu quero terminar jogando dominó na varanda, com os amigos por lá, lembrando de todas as histórias. Como a gente combinava, sentados no chão do corredor da escola, no auge do terceiro ano. De lá pra cá mudou tanta coisa, tanta. Mas a vontade da varanda continua a mesma. Acho que a diferença é que a cada ano que passa ela tem que ficar maior na nossa imaginação, pra abrigar quem vem chegando.

Mas tudo bem, porque é bom. Bom demais.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

C'e' gente che ama mille cose
e si perde per le strade del mondo.
Io che amo solo te,
io mi fermerò
e ti regalerò
quel che resta
della mia gioventù
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Há gente que ama mil coisas
e se perde pelas estradas do mundo.
Eu que amo somente você,
eu pararei
e lhe doarei
o que resta
da minha juventude.
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Só porque eu poderia passar o resto do meu tempo ouvindo você falar sobre linux, card games e hackers, sem nem reparar que ele estava passando. Acho que isso deve mesmo significar que eu te amo...rs...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Meu ano novo.

Vem chegando o meu ano novo. Vou fazer aniversário, e acredito sinceramente que o "ano novo" de cada pessoa vem nessa data: Estamos um ano mais velhos, e por isso podemos fazer um balanço do nosso ano que passou.

Fico pensando onde eu estava no aniversário do ano passado, o que eu fiz e como me sentia. Eu me sentia um lixo. Minha vó tinha acabado de morrer, eu estava gorda feito uma porca, fazendo uma faculdade que eu odiava e com um relacionamento totalmente falido. Eu estava no fundo, sem vontade de acordar, de dormir, de estudar, de falar. Sem vontade de fazer nada.

Olho pra trás nesse ano que passou, e não consigo não pensar em tudo que mudou. Eu não canso de pensar em todas as mudanças. No final do ano passado coloquei na cabeça todas as metas que tinha pra esse ano. Eu pensei em tudo que não gostava e que precisava ser mudado.

As mudanças foram ocorrendo aos poucos. Depois de tanto tempo mal, eu sabia que não podia correr. Eu precisava respeitar meu tempo e o tempo da vida. Primeiro me livrei do relacionamento. Um fim que me deu mais alívio do que dor. Hoje sei que a dor era apenas o medo de nunca mais me apaixonar. O medo de nunca mais ser amada. O medo do mundo, que àquela altura já era totalmente desconhecido pra mim. Entre idas e vindas foram 2 anos em que, mesmo quando eu não estava oficialmente namorando, eu estava com aquela pessoa, eu não conseguia deixar pra trás e seguir em frente. Pois bem, um dia eu percebi que não era amor, era apenas conveniência e medo. Era apenas o desejo de ter alguém, porque o amor já tinha ido embora a muito tempo. Eu na realidade não fui amada, era uma obsessão dolorosa e persistente, que mais me magoava e deprimia do que fazia feliz. A felicidade morava na lembrança do que já tinha sido bom e só.

O segundo passo foi a faculdade. Com muita coragem eu resolvi dizer o que pensava. Eu resolvi que não ia continuar numa coisa que me fazia tão mal. Eu já não suportava mais. Parece bobagem, mas era uma coisa realmente importante, que me detonava e não me permitia ser feliz mesmo nas horas de lazer. Eu não conseguia mais me concentrar em nada, e tudo era motivo pra chorar. Quando eu finalmente tranquei a matrícula, um peso enorme foi tirado das minhas costas: Eu finalmente ia voltar a fazer algo que gostava, voltar a ter prazer com os estudos. Foi difícil demais me livrar da sensação de fracasso, ignorar o que as outras pessoas poderiam dizer. Mas eu me livrei, e aqui estou eu feliz: Uma das melhores alunas da turma, com o interesse sempre em alta.

O terceiro passo foi mudar minhas atitudes em relação as pessoas ao redor. Reconquistar a minha família que tanto se afastou de mim por causa das minhas atitudes, todas geradas pela merdadenamoroqueeutinha. Foi um caminho difícil, recuperar a confiança das pessoas é sempre difícil. Também fiz novos amigos, saí, conheci pessoas, conheci lugares. Fui a shows, exposições, maratonas de cinema, baladas. Eu recuperei a pessoa que eu era antes, expansiva, engraçada e feliz. Não esqueci os amigos que eu tinha (os quais também tive que reconquistar), e mesmo conhecendo uma porção de gente nova, sempre tinha tempo pra eles (o que no final foi ÓTIMO, uma vez que Puh foi embora. Aproveitamos MUITO o tempo desse ano que ela esteve aqui).

O quarto passo teve relação com o terceiro, e também envolvia atitudes em relação a pessoas. Mas esse passo envolvia ser honesta comigo e com os outros, e não me enrolar pela falta de coragem pra ser sincera. Sempre fui craque em fazer isso. Como sempre me senti o patinho feio, rejeitada pelos garotos, tive durante toda a vida muita dificuldade pra dispensar pessoas. Talvez pelo meu jeito bocó, receptivo e simpático com todo mundo, muitos meninos acabam confundindo as coisas. Normalmente nerds rejeitados. Pois bem, antes eu não conseguia dizer não, e mesmo sabendo que era errado, acabava ficando com essas pessoas (não com todo mundo, óbvio..HAHAHAHAH..só com aqueles que aparentavam gostar REALMENTE de mim), e depois namorava e quando via estava afundando, só com a cabeça do lado de fora. Pessoas que eu na realidade nunca gostei, e é horrível dizer, mas fiquei por pena e só. Não pena, mas a sensação de que estava fazendo algo bom, fazendo alguém que se sentia rejeitado se sentir feliz e querido. Mas eu não sou madre Tereza, e isso é feio. Feio e na realidade cruel. Bem pior do que dar um fora.

Pois bem, esse ano coloquei na cabeça que tinha que melhorar esse aspecto. Coloquei na cabeça que estava sendo melhor com as pessoas se simplesmente deixasse tudo bem claro, porque mesmo que seja dolorosa no início, a verdade é SEMPRE melhor a longo prazo. Tive minha prova de fogo: Um menino gostou de mim, foi sincero, falou. Era um menino que tinha passado por um MONTE de problemas, e tinha muitos problemas com auto-estima e coisas relacionadas. Respirei fundo e fui extremamente franca. Eu não ficaria com ele, não fiquei, fui sincera e quando desliguei o telefone senti um alívio imenso, por não ter dado esperanças a uma pessoa bacana, que não merecia que eu tivesse feito isso. Me senti melhor ali, e percebi que realmente tinha conseguido me tornar uma pessoa melhor. Não que eu fosse má antes, eu não fazia por mal ou pra me aproveitar de quem possivelmente gostasse de mim. Eu me sentia realmente mal por rejeitar alguém. Isso é triste, e esse ano finalmente aprendi minha lição sobre o assunto.

O quinto passo foi dar um tempo com qualquer tipo de relacionamento amoroso. Coloquei na cabeça que, depois de tudo que tinha passado, qualquer coisa que eu começasse daria errado, pela carga que eu traria da coisa anterior. Coloquei na cabeça que o melhor era ficar "sozinha", e que meus amigos tinham muito mais a oferecer no momento do que qualquer namoro que eu pudesse arrumar. Desde meu primeiro namorado, com 14 anos, eu emendei todos os outros. Pouquíssimo tempo de pausa entre eles, e isso foi saturando a minha capacidade de discernimento quanto a sentimentos. Isso foi detonando a minha paciência, meu jeito de ser, meu humor. Isso foi detonando tudo, e eu decidi que não seria mais assim. Eu nunca precisei de um namorado pra me sentir querida. Nunca precisei de namorados pra nada. Eu namorava pelo fato que já citei antes: Eu me sentia mal por rejeitar pessoas que realmente gostavam de mim. Mas decididamente, depois de tanto tempo, percebi que não vale nem um pouco a pena: É desgastante estar com pessoas que na realidade não se quer. Porque é preciso querer com todas as forças pra que dê certo. É preciso querer MESMO, ao menos pra mim, senão eu não funciono. E o que era pra ser algo supostamente bom pra pessoa acabava sendo terrível pra ela e pra mim. Eu aprendi a me colocar na frente, a pensar em mim sempre em primeiro lugar.

Pois bem. Assim eu fui. Hoje paro e analiso, e acho sinceramente que eu mereço o meu final de ano. Eu mereço porque enxerguei meus erros, eu me esforcei pra mudá-los, eu corri atrás. Eu mereço porque eu soube esperar por todas as coisas, eu não forcei barras, eu não me desesperei. Eu mereço, mereço muito. Eu mereço que meu namoro continue sendo lindo como é agora. Eu mereço que meu negócio dê certo. Eu mereço ir bem na faculdade, porque finalmente entendi o sentido da palavra esforço.

Então, Dandara do futuro, quando você ler isso, se por um acaso você tenha voltado a cair nos seus velhos erros, entenda: Mudar é o sentido da vida. E se você conseguiu voltar atrás uma vez, e fazer tudo ser assim tão maravilhoso, consegue voltar e mudar de novo. Você sempre consegue. =)

Tralalá. Feliz ano novo pra mim!