segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Meu ano novo.

Vem chegando o meu ano novo. Vou fazer aniversário, e acredito sinceramente que o "ano novo" de cada pessoa vem nessa data: Estamos um ano mais velhos, e por isso podemos fazer um balanço do nosso ano que passou.

Fico pensando onde eu estava no aniversário do ano passado, o que eu fiz e como me sentia. Eu me sentia um lixo. Minha vó tinha acabado de morrer, eu estava gorda feito uma porca, fazendo uma faculdade que eu odiava e com um relacionamento totalmente falido. Eu estava no fundo, sem vontade de acordar, de dormir, de estudar, de falar. Sem vontade de fazer nada.

Olho pra trás nesse ano que passou, e não consigo não pensar em tudo que mudou. Eu não canso de pensar em todas as mudanças. No final do ano passado coloquei na cabeça todas as metas que tinha pra esse ano. Eu pensei em tudo que não gostava e que precisava ser mudado.

As mudanças foram ocorrendo aos poucos. Depois de tanto tempo mal, eu sabia que não podia correr. Eu precisava respeitar meu tempo e o tempo da vida. Primeiro me livrei do relacionamento. Um fim que me deu mais alívio do que dor. Hoje sei que a dor era apenas o medo de nunca mais me apaixonar. O medo de nunca mais ser amada. O medo do mundo, que àquela altura já era totalmente desconhecido pra mim. Entre idas e vindas foram 2 anos em que, mesmo quando eu não estava oficialmente namorando, eu estava com aquela pessoa, eu não conseguia deixar pra trás e seguir em frente. Pois bem, um dia eu percebi que não era amor, era apenas conveniência e medo. Era apenas o desejo de ter alguém, porque o amor já tinha ido embora a muito tempo. Eu na realidade não fui amada, era uma obsessão dolorosa e persistente, que mais me magoava e deprimia do que fazia feliz. A felicidade morava na lembrança do que já tinha sido bom e só.

O segundo passo foi a faculdade. Com muita coragem eu resolvi dizer o que pensava. Eu resolvi que não ia continuar numa coisa que me fazia tão mal. Eu já não suportava mais. Parece bobagem, mas era uma coisa realmente importante, que me detonava e não me permitia ser feliz mesmo nas horas de lazer. Eu não conseguia mais me concentrar em nada, e tudo era motivo pra chorar. Quando eu finalmente tranquei a matrícula, um peso enorme foi tirado das minhas costas: Eu finalmente ia voltar a fazer algo que gostava, voltar a ter prazer com os estudos. Foi difícil demais me livrar da sensação de fracasso, ignorar o que as outras pessoas poderiam dizer. Mas eu me livrei, e aqui estou eu feliz: Uma das melhores alunas da turma, com o interesse sempre em alta.

O terceiro passo foi mudar minhas atitudes em relação as pessoas ao redor. Reconquistar a minha família que tanto se afastou de mim por causa das minhas atitudes, todas geradas pela merdadenamoroqueeutinha. Foi um caminho difícil, recuperar a confiança das pessoas é sempre difícil. Também fiz novos amigos, saí, conheci pessoas, conheci lugares. Fui a shows, exposições, maratonas de cinema, baladas. Eu recuperei a pessoa que eu era antes, expansiva, engraçada e feliz. Não esqueci os amigos que eu tinha (os quais também tive que reconquistar), e mesmo conhecendo uma porção de gente nova, sempre tinha tempo pra eles (o que no final foi ÓTIMO, uma vez que Puh foi embora. Aproveitamos MUITO o tempo desse ano que ela esteve aqui).

O quarto passo teve relação com o terceiro, e também envolvia atitudes em relação a pessoas. Mas esse passo envolvia ser honesta comigo e com os outros, e não me enrolar pela falta de coragem pra ser sincera. Sempre fui craque em fazer isso. Como sempre me senti o patinho feio, rejeitada pelos garotos, tive durante toda a vida muita dificuldade pra dispensar pessoas. Talvez pelo meu jeito bocó, receptivo e simpático com todo mundo, muitos meninos acabam confundindo as coisas. Normalmente nerds rejeitados. Pois bem, antes eu não conseguia dizer não, e mesmo sabendo que era errado, acabava ficando com essas pessoas (não com todo mundo, óbvio..HAHAHAHAH..só com aqueles que aparentavam gostar REALMENTE de mim), e depois namorava e quando via estava afundando, só com a cabeça do lado de fora. Pessoas que eu na realidade nunca gostei, e é horrível dizer, mas fiquei por pena e só. Não pena, mas a sensação de que estava fazendo algo bom, fazendo alguém que se sentia rejeitado se sentir feliz e querido. Mas eu não sou madre Tereza, e isso é feio. Feio e na realidade cruel. Bem pior do que dar um fora.

Pois bem, esse ano coloquei na cabeça que tinha que melhorar esse aspecto. Coloquei na cabeça que estava sendo melhor com as pessoas se simplesmente deixasse tudo bem claro, porque mesmo que seja dolorosa no início, a verdade é SEMPRE melhor a longo prazo. Tive minha prova de fogo: Um menino gostou de mim, foi sincero, falou. Era um menino que tinha passado por um MONTE de problemas, e tinha muitos problemas com auto-estima e coisas relacionadas. Respirei fundo e fui extremamente franca. Eu não ficaria com ele, não fiquei, fui sincera e quando desliguei o telefone senti um alívio imenso, por não ter dado esperanças a uma pessoa bacana, que não merecia que eu tivesse feito isso. Me senti melhor ali, e percebi que realmente tinha conseguido me tornar uma pessoa melhor. Não que eu fosse má antes, eu não fazia por mal ou pra me aproveitar de quem possivelmente gostasse de mim. Eu me sentia realmente mal por rejeitar alguém. Isso é triste, e esse ano finalmente aprendi minha lição sobre o assunto.

O quinto passo foi dar um tempo com qualquer tipo de relacionamento amoroso. Coloquei na cabeça que, depois de tudo que tinha passado, qualquer coisa que eu começasse daria errado, pela carga que eu traria da coisa anterior. Coloquei na cabeça que o melhor era ficar "sozinha", e que meus amigos tinham muito mais a oferecer no momento do que qualquer namoro que eu pudesse arrumar. Desde meu primeiro namorado, com 14 anos, eu emendei todos os outros. Pouquíssimo tempo de pausa entre eles, e isso foi saturando a minha capacidade de discernimento quanto a sentimentos. Isso foi detonando a minha paciência, meu jeito de ser, meu humor. Isso foi detonando tudo, e eu decidi que não seria mais assim. Eu nunca precisei de um namorado pra me sentir querida. Nunca precisei de namorados pra nada. Eu namorava pelo fato que já citei antes: Eu me sentia mal por rejeitar pessoas que realmente gostavam de mim. Mas decididamente, depois de tanto tempo, percebi que não vale nem um pouco a pena: É desgastante estar com pessoas que na realidade não se quer. Porque é preciso querer com todas as forças pra que dê certo. É preciso querer MESMO, ao menos pra mim, senão eu não funciono. E o que era pra ser algo supostamente bom pra pessoa acabava sendo terrível pra ela e pra mim. Eu aprendi a me colocar na frente, a pensar em mim sempre em primeiro lugar.

Pois bem. Assim eu fui. Hoje paro e analiso, e acho sinceramente que eu mereço o meu final de ano. Eu mereço porque enxerguei meus erros, eu me esforcei pra mudá-los, eu corri atrás. Eu mereço porque eu soube esperar por todas as coisas, eu não forcei barras, eu não me desesperei. Eu mereço, mereço muito. Eu mereço que meu namoro continue sendo lindo como é agora. Eu mereço que meu negócio dê certo. Eu mereço ir bem na faculdade, porque finalmente entendi o sentido da palavra esforço.

Então, Dandara do futuro, quando você ler isso, se por um acaso você tenha voltado a cair nos seus velhos erros, entenda: Mudar é o sentido da vida. E se você conseguiu voltar atrás uma vez, e fazer tudo ser assim tão maravilhoso, consegue voltar e mudar de novo. Você sempre consegue. =)

Tralalá. Feliz ano novo pra mim!

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