quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Procurando por banalidades no google, acabei chegando por acaso a um site de apoio a pais de crianças com um determinado problema (que não sei a tradução, o site era em inglês). Comecei a ler as histórias das pessoas, e cheguei na página de uma menininha, morreu em 99 (o site tem tempos, e acho que está meio desatualizado). Ela era bem novinha mesmo, acho que tinha uns 12 anos, e passou por diversas cirurgias ao longo dos seus anos de vida. Muitas cirurgias MESMO. Haviam fotos ao longo da vida dela, fotos de passeios, de escola, de festas. Comecei a reparar que em todas as fotos ela estava sorrindo. E eu comecei a chorar.

As vezes reclamamos de umas coisas tão idiotas. Quando eu vejo uma criança que, apesar dos problemas, continua lá sorrindo, eu me sinto mal. Esse papo todo de dar valor a vida parece bem clichê, mas é real. É preciso dar valor, muito valor. Eu acredito realmente que nada é insuperável. Pessoas com problemas tão maiores, que poderiam estar reclamando, estão lá lutando pra ficar vivas. Estão lá sorrindo e seguindo em frente, dando valor a cada dia, porque elas sabem que qualquer dia pode ser o último. Eu me sinto mal por não atender todas as vezes que a minha mãe e irmãos chamam. Por não falar mais com meus amigos. Por não olhar mais pro céu e sorrir por nada.

A vida é curta, reclamamos por pouco, saímos daqui sem nada. Quanta gente não deseja morrer, quando tem capacidade pra ficar viva e fazer melhor? Quanta gente não desiste de primeira e simplesmente sobrevive?

Me sinto terrivelmente mal por dentro, ainda mais por saber que muitas crianças com problemas são largadas de lado. São postas em instituições e crescem sozinhas. E pensar em crianças sozinhas me faz sentir ainda pior. A menininha do site teve sorte, por ter pais que acreditaram serem abençoados por serem escolhidos para tomar conta dela durante sua vida na terra. Mas e todas as outras que não tem?

Uma vez fui numa instituição para crianças e adolescentes com deficiência física e/ou mental. Crianças que eram abandonadas lá pelos pais. E que cresciam lá sozinhas, a maioria esperando a morte e mais nada. Haviam por lá enfermeiras que eram realmente carinhosas, e cuidavam deles como se fossem seus filhos. Mas ainda assim eles estavam sozinhos.

Tinha um menino lá com um problema sério de má formação nas pernas. Um menino esperto, inteligente, divertido. Tinha por volta dos 6 anos. Eu tinha uns 11. Depois de ver todas as crianças, saí de lá cambaleando. Eu não conseguia respirar, não conseguia andar, eu não conseguia pensar em nada. Fiquei mal por semanas. Do auge dos meus 11 anos eu não conseguia entender como alguém consegue abandonar uma criança esperta, inteligente e divertida, simplesmente por não querer conviver com um problema, por querer uma criança "perfeita". Fiquei sabendo lá que muitos abandonam por não terem realmente condições financeiras de cuidar. Mas muitos porque não querem uma criança "anormal", e lá naquela época isso já não entrava na minha cabeça.

Um monte de anos se passaram, e eu continuo não entendendo. Eu não entendo como alguém pode ser tão pequeno de alma. Porque eu sei que se eu tivesse um filho com problemas, eu ia me sentir como os pais da menininha: Abençoada por cuidar dele, por dar o meu melhor por alguém. E eu não consigo aceitar que alguém pense diferente.

Enfim, fico aqui chorando rios, pensando nessa porção de coisas. Acho que sou sentimental demais =/

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