segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não sou uma pessoa fácil de entender nem de conviver. As poucas pessoas que convivem comigo o fazem por insistência ou obrigação. Não sou uma pessoa ruim, sou apenas impaciente. Eu não tenho saco pras pessoas, e sempre acredito estar sendo clara, quando na realidade devo ser uma enorme nuvem de fumaça. Meus pensamentos, frases e ações me parecem sempre claros, mas cada vez mais percebo que não o são para as outras pessoas.

Eu amava a minha avó. Amava e nunca disse, porque ela nunca foi uma pessoa amável. Ela não foi legal comigo durante a maior parte da minha vida, e disse coisas que me revoltavam e que eu dava tudo pra nunca ter ouvido. Eu tive raiva e ódio. Mas suas ações no final da vida me fizeram perceber que eu a amava assim, maluca, resmungona, falando sozinha. Me fizeram perceber que se tivesse que escolher, não teria uma avó diferente. Eu não iria preferir uma avó que cozinhasse bem e falasse coisas fofinhas.

Acho que as mulheres da minha família tem um problema sério. Achei durante muito tempo ser diferente delas, mas a cada dia que passa, percebo que não. Mas percebo também estar em minhas mãos a chance de mudar e fazer diferente. A chance de ser feliz e não ficar amargurada com o tempo. A chance de encontrar e entender o que é amor, e conseguir viver isso plenamente. Minha avó passou a vida amargando um amor que acabou. Aliás, que foi acabado, porque ela nunca deixou de amar, e hoje em dia sei que meu avô também não. Minha mãe desistiu do que chamam amor. Elas também não eram fáceis de conviver, mas ainda assim eu sei que o problema não foi totalmente delas. Foi uma questão de falta de sorte na vida.

Talvez seja esse o grande problema que ronda a ala feminina da família: Falta de sorte. Minha mãe tem uma prima que é casada a milênios com o marido, mas eu também não vejo amor. Eu vejo convivência e só. Meu tio-avô foi casado a vida toda com uma mulher que amava, e meu tio até onde sei ama a esposa também. Sendo assim, o problema se resume mesmo as mulheres.

Não quero continuar esse ciclo. Eu não quero fazer parte desse mar de tédio e infelicidade. Eu quero quebrar as correntes e ser bem mais que isso, seja com alguém, seja sozinha. Acho sinceramente que vou conseguir, por um simples motivo: Diferentemente delas todas, eu percebi que é possível sim ser feliz sozinha. A nossa felicidade mora na gente, e não devemos nunca mandar ela morar em outra pessoa. A nossa felicidade é nossa, de mais ninguém.

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