segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sobre o amor

"Como uma onda queria envolver seu corpo e abraçar você por inteiro, e voltar para o mar levando comigo o calor que emana de sua alma e a luz que irradia de seus olhos.
Queria ser o vento que entra pela janela e passeia por seu corpo, para sussurar uma canção de amor em seu ouvido enquanto acaracio seus cabelos. Queria arder com o calor de mil sóis para alcançar a temperatura de seu coração, e poder aquecê-la como um beijo entre duas estrelas.
E que pouco seja apenas o tempo entre a nossa saudade e a felicidade."

Ele me disse isso a meses atrás, quando ainda éramos praticamente desconhecidos. Quando fazia menos de uma semana desde que tudo tinha começado. Quando faziam poucos dias desde que eu havia enchido a cara de vodka com guaraná e me atirado em cima dele, sem dar muita chance para um não como resposta. Porque eu não fiz mesmo pergunta alguma, eu simplesmente fui.

A esse tempo atrás nós não nos conhecíamos. Não tinhamos noção dos medos pré existentes e nem do passado. Ele ainda me enxergava como uma pessoa leve, divertida e otimista em relação a vida. Talvez eu fosse mesmo. Eu ainda o enxergava como um mistério, mas eu vi alguma coisa, eu sei que vi. Sei que vi uns olhos que brilhavam e um jeito de falar que chamei malemolência, e que achava graça chamar assim.

Daí eu tive medo, mas eu me abri. Eu me abri e mostrei que tenho tantos medos e traumas e problemas quanto qualquer outra pessoa. Mostrei que sou dramática e exagerada. E diferentemente de todas as outras vezes na minha vida, eu não desisti no primeiro problema. Eu procurei entender que leva tempo até que as pessoas se conheçam e se entendam, caso estejam dispostas a isso. E eu fui colocando tudo de mim pra fora, até ficar o mais transparente que conseguia. Mas é como diz a música, "o que faz ela ser quase um segredo é ser ela assim tão transparente". Talvez transparência não seja mesmo bem entendida. Talvez ela sempre soe como silêncio ao invés do grito que na realidade é.

E aí ele continua sendo um mistério pra mim às vezes. E parecer um mistério é bom, porque instiga. Talvez a minha transparência tenha feito com que não sobrasse nada pra descobrir, e por isso perdi o encanto. Talvez eu não ser tão legal e especial quanto era esperado tenha feito com que as coisas ficassem mais cinzas de repente. Assim que me sinto as vezes, como se eu fosse menos do que ele esperava que eu fosse.

Hoje em dia ele já não pergunta o que eu estou pensando, nem me diz que eu deveria dizer ao invés de ficar guardando. Hoje em dia é ele quem olha pro nada e não me diz o que pensa. Eu contei todos os meus medos, preocupações, sonhos. Eu coloquei mesmo tudo de mim pra fora, o lado bom e o ruim (que talvez às vezes se sobreponha). Eu simplesmente relaxei e esqueci a regra número um da minha vida: Pareça relaxada, não relaxe.

Lá a esses meses todos atrás, ele disse às minhas amigas que eu tinha caído do céu. E eu achei uma gracinha alguém dizer isso sobre mim. Só que só hoje eu entendo o quão pesado isso pode ser. Só hoje eu entendo o tanto de peso que ele colocou nas minhas costas, me enchendo de elogios e tendo tantas esperanças sobre mim. Porque ele me fez acreditar que eu era realmente tão boa, enquanto sou somente eu. Talvez ele tenha idealizado, e ao me passar toda essa idealização, eu tenha me perdido. Eu fiquei sem saber se eu era eu ou o que ele pensava que eu era. Eu fiquei sem entender se ele gostava de mim ou da pessoa que tinha idealizado. E hoje eu ainda não sei se ele ama a pessoa com defeitos e problemas que conheceu depois, ou se ama a menina cheia de vodka nas idéias que apoiou os braços nos ombros dele e disse pra ele fazer alguma coisa.

Acho que até hoje ele não entende o que se passa na minha cabeça, quando é pura e simplesmente isso que eu disse. E isso faz com que eu me sinta triste as vezes, sem entender o que ele espera e o que esperar. Porque eu não espero e nunca esperei nada além da empolgação que vi no início. Não porque eu acredite que esse tipo de empolgação dure pra sempre, e sei bem que o período de "infatuation" (e não há tradução descente pra essa palavra, porque "paixão" seria muito pouco) acaba, mas porque fico achando sinceramente que fui uma decepção. Vai ver eu não sou tão legal, compreensiva e divertida quanto parecia, não sei.

Só sei que quando leio essas palavras que ele um dia me escreveu, eu sinto o mesmo que senti no momento em que li. Isso deve mesmo significar alguma coisa. Isso deve ser mais duradouro do que vodka com guaraná, e é exatamente isso que eu acredito que vá durar pra sempre. Ao menos no meu coração.

E, diferente do que ele com certeza vai achar quando ler esse texto, eu não estou fazendo drama. Eu estou declarando o meu amor, e esperando apenas que ele faça o mesmo.

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