segunda-feira, 12 de abril de 2010

Gritando

Todo mundo tem limite, e tenho descoberto que eu também. Eu cansei de agir como se não me importasse com nada, porque me importo. Eu me importo muito com a minha sanidade, me importo muito com a minha saúde mental. E eu não posso simplesmente suportar os gritos, porque eles ecoam por dentro durante tempo demais. Eles ecoam e me fazem querer esmurrar a parede, me fazem querer dar com a cabeça num muro ou me jogar na frente de um carro. Porque a raiva consome, e as marcas no meu braço me fazem sempre lembrar do quanto ela já me consumiu. Do quanto eu já me machuquei por medo de dizer o que pensava.

Mas como eu disse, todo mundo tem limite. E o meu foi sendo cutucado aos poucos, até finalmente revidar. Eu grito, eu penso, eu falo, eu sinto. Eu sinto e eu não posso conter e fingir que tá tudo bem. Porque eu tenho opinião, e já percebi que aqui ela só funciona se elevo o tom da voz. Falar calmamente nessa casa representa silêncio. E eu já fiquei em silêncio por tempo demais.

Então eu não vou mais ser a única a fazer as coisas, a ir a banco, a ir ao mercado, a nada. Eu vou quando estiver afim, quando tiver tempo. E se não tiver, que outro faça. Ninguém é mais criança, e já faz tempo demais que eu sou a única a fazer de tudo. Ficou todo mundo acostumado a pisar na minha cabeça, a me falar merda como se eu fosse ninguém. Pois bem, se não sou ninguém pra eles, que resolvam então seus problemas? É a mensalidade da escola do irmão? Ele que vá ao banco, com a idade dele eu já estava cansada de ir. É a parcela de um cartão que não é meu? Que vá então ao banco, tem carro, tem tempo. Eu não tenho.


Eu me sinto gritando por dentro. Mas hoje eu gritei tudo pra fora. A sensação de leveza é reconfortante.

Nenhum comentário: