quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rio water planet

Esse tempo todo em casa não está me fazendo bem. Preciso da minha rotina de volta. A minha rotina boba, o meu joelho-com-coca-cola da terça feira, minha aula de segunda a noite e tudo mais. É quarta feira e eu não fiz absolutamente nada da minha semana além de ler um livro e beber litros de café com leite.

Estou com uma sensação ruim, mas sei que provavelmente nada tem a ver com a minha vida. Sei que provavelmente é porque a cidade está um caos, e eu não consigo parar de pensar em quanta gente rezou pra parar de chover, por motivos muito mais reais do que os meus. Por motivos muito mais tristes.

Eu não consigo aceitar essa história de que "tudo acontece quando tem que acontecer", e essa resignação das pessoas diante do fato de terem perdido tudo que tinham. A resignação de algumas diante do fato de terem perdido todos que tinham. Me é estranho saber que as pessoas ainda conseguem agradecer a deus por estarem vivas quando, colocando tudo que elas acreditam, foi deus mesmo que causou tudo. Ai elas vem com a velha história de que ele sabe o que faz. E que ele escreve certo por linhas tortas. E mais aquela penca de ditados que todo mundo sabe de cor.

O mundo está virando um caos. Catástrofes acontecem em todo canto, fatos sem precedentes. São doenças e chuvas e terremotos e toda uma sorte de coisas. São pessoas morrendo e o medo de quando acontecerá o próximo incidente. É triste de ver, de saber. É triste essa sensação de impotência perante o que acontece, afinal nenhum de nós pode controlar a natureza. São catástrofes naturais.

Talvez eu seja ingênua nos meus pensamentos. Talvez eu só pense besteira, não sei. Só sei que, de qualquer forma, eu me sinto triste sabendo que enquanto estou sentada confortavelmente a frente do computador, um sem-número de pessoas não tem mais casa. Algumas não tem mais família. Algumas estão morrendo aos poucos, soterradas embaixo do que um dia chamaram lar.

E de quem é o erro afinal, quando a cidade não tem infra-estrutura pra suportar? Minha mente revoltada não consegue deixar de culpar o prefeito, o governador e quem mais estiver no caminho. Enquanto milhões são gastos em obras tão pomposas quanto absurdas, os gastos com a infra-estrutura da cidade são parcos. É como se eles fechassem os olhos pra essa parcela da população que não tem acesso. E eles só os abrem quando enxergam neles um meio seguro de fazer politicagem. Estão vulneráveis afinal, qualquer promessa será recebida de bom grado, e uma visita a comunidade será reconfortante. Aqui no rio ninguém vai varejar coisas no governador, ninguém vai agredir o prefeito. Aqui no rio, por mais desgraça que aconteça, as classes mais baixas continuam abertas a esse tipo de política. Afinal, chover não é culpa do prefeito. Foi deus quem quis assim.

E assim vamos continuar na mesma. Uma meia dúzia de obras serão feitas pra calar a boca da população. Eles são culpados também? São sim. Muita gente mora em áreas de risco, sabendo do risco que correm. Mas eles não opção? Eles tem pra onde ir? É uma questão muito complexa pra que eu, reles estudante da classe média, me atreva a opinar. Eu não tenho acesso a todos os dados. Eu sei do que penso sozinha e do que a mídia passa. Tenho tendência a revolta e não confio na mídia, logo, minhas opiniões não devem ser mesmo confiáveis. Ok. Na próxima chuva a gente se vê.

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