sexta-feira, 21 de agosto de 2009

1 ano.

Um ano e eu não sei o que dizer pra homenagear minha vó. As vezes parece que a qualquer momento o telefone vai tocar e vai ser ela me mandando colocar em algum canal e assistir o que está passando.

Ela me ensinou a costurar (ao menos tentou..rs..), bordar, tricotar. Ela me desafiava com palavras difíceis da língua portuguesa, só pra ver se eu sabia o que significavam. Ela me deixava fazer as palavras cruzadas do jornal junto com ela, embora soubesse que eu não saberia quase nada. Ela me chamava pra falar sobre política, moda, maquiagem. Me contava de antigamente, e me ensinava coisas que ninguém hoje em dia saberia ensinar: como cortar um godê completo, como usar laquê, como colocar bobes no cabelo. Ela me ajudava na maioria dos meus trabalhos de escola, e era extremamente inteligente: Falava inglês, francês, latim, tinha boas noções de espanhol e italiano. Entendia de história, entendia de tudo. Impossível conversar com a minha vó sobre algum assunto que ela não soubesse. Até sobre informática, mesmo nunca chegando perto do computador, ela sabia conversar.

Meu tio diz que minha vó não construiu nada na vida. Morreu sem patrimônio material, é verdade, mas ela construiu muito sim. Por causa dela existe minha mãe, logo, por causa dela eu existo. Grande parte da minha bagagem cultural devo a ela, e a ela devo meu romantismo exacerbado e a vontade enorme de manter todos por perto. Porque mesmo no desgosto que ela teve, me ensinou alguma coisa: Que o amor é a coroa que faz de um homem um rei. E que da vida é só isso que se leva, o amor que a gente planta.

Com tudo, minha vó foi feliz. E pra mim hoje é só isso que importa.

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