sábado, 2 de outubro de 2010

Vitamina bem batida das últimas semanas

Eu sou. Talvez sempre tenha sido, e só tenha deixado por vezes de ser quando deixei de me permitir. Eu me permito. Me permito quase qualquer coisa. Não comprometendo outras pessoas eu vou fundo, faço o que quero sem pestanejar. Eu corro. Corro atrás de um futuro bom e iluminado, sem esquecer do presente. De que adianta um futuro lindo, se futuro soa sempre como algo que não chega? Hoje é o futuro de alguns anos atrás, e pensando no quão mal eu poderia estar, me sinto bem. Sinto. Sinto muito, uma tonelada de sentimentos que transbordam, tão sinceros e tão enormes que se tornam quase palpáveis. Eu sou um sentimento. Aliás, sou uma ação, daquelas arrebatadoras. Eu movo e o mundo move comigo, meu mundo. No meu mundo cabe tudo, cabem todos, sempre cabe mais um. Meu mundo é que nem coração de mãe, acho.

Eu quero. Quero uma porção de coisas. Eu quero um querer desmedido, um desejo que não cabe mais em mim. Um desejo que sai pelos meus ouvidos, pelos meus olhos, mãos e cabelo. E por querer assim, sem pensar (e falando de cabelo), ele agora é meio cor de rosa, mais curto, mais bonito, mais impactante. Eu sou o impacto, que chega e deixa sem palavras. Mas só quando quero, e quando não eu sou sombra, quieta, espreitando, olhando. Meus olhos. Acho que dizem muito. Quando quero olho, e não consigo desviar o olhar. E além de querer eu quis, e fiquei olhando, e não consegui parar e olhou de volta por um breve instante, o suficiente pra minhas pernas bambearem e eu perder um pouco o chão. Mas não podia. Não posso. Certos quereres eu adormeço, por mais que eu queira e corra e mova e permita. Tenho limites, pronto, admiti. Esse querer que quis era nada, era só uma espécie de admiração misturada com encantamento, que eu deixei por algumas horas fazer parte do meu pensamento. Tenho novamente que admitir uma coisa: não foram horas e sim alguns poucos dias. Passou. Sempre passa. Por mais que fossem olhos brilhantes, sei que me olharam como quem quer nada, olharam por falar, por dirigir a palavra. Eu roía unhas e continuava olhando, já sabendo que era esse o significado.

Eu fui. Fui de uma porção de formas, por uma porção de anos. Já fui de andar por ai de preto, até descobrir as cores. Fui de andar de sapato até descobrir as chinelos. Fui de me esconder, agora sou de me encontrar. Também não fui, aliás muitas coisas nunca fui. Nunca fui de ligar pra dinheiro, nem pra saltos, nem pras meninas da minha idade. Nunca fui de andar de carro, faço tudo muito bem a pé. Eu gosto de andar de ônibus e observar a paisagem da janela. Eu sempre, também. Sempre gostei de fuçar sebos e do cheiro dos livros antigos. De achar dedicatórias e bilhetes e papéis. De comprar vestidos em brechós e ficar imaginando a história que eles tem, por quantos bailes passaram e quantos abraços sentiram. Eu sou uma velha, diz minha mãe. Muito careta em certos aspectos da vida, e eu nem acredito no quanto sou liberal em outros. Eu gosto de falar de mim, mas gosto de ouvir sobre os outros. Eu gosto de ouvir histórias e da bagagem que as pessoas carregam.

Estou em transição. Uma transição eterna. Eu as vezes não me aguento. Ninguém se aguenta em alguns momentos, acho.

Eu acho tanta coisa e são 3 da manhã e eu deveria estar dormindo. Paro de achar por aqui. Guardo alguns achismos pra amanhã.

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