segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Stuck in a moment

E eu fico achando que não estou fazendo o suficiente, porque na realidade não estou. Ando bastante preguiçosa e sem ânimo, e eu sei que é o clima do ambiente me contagiando. Parece que todo mundo ficou longe de repente. Parece que a vida ficou louca, e todos os amigos começaram a viver suas próprias vidas, separados, apenas dando notícia.

Isso tudo não é resultado de uma coisa só. É só a vida andando, e todo mundo tendo seu próprio mundo pra viver. Talvez eu tenha relutado demais em entender que isso aconteceria. Talvez a Puh ir embora tenha sido o primeiro sinal de que as coisas do modo que eram iam começar a desmoronar. E eu fico feliz com a vida, as oportunidades, as coisas pra fazer. Mas fico triste também, bem triste. Triste sem os encontros, as fofocas, sem as reuniões pra ficar sem fazer e as vezes sem falar nada. Talvez seja isso que estej me fazendo falta de certa maneira: A vida como ela era. Talvez eu não estivesse mesmo preparada pra "começar" a viver, pra correr atrás. Acho que nem sei correr atrás.

Daí junta isso tudo com os problemas em casa, a minha mãe pirando (o que, mesmo que eu tente e lute contra, acaba me afetando), o Tim perdendo o emprego, o Marinho repetindo de ano. Parece que final de ano nunca é bom pra nós (ao menos emprego o Tim conseguiu, mas o resto não tem jeito). As situações para as quais antes eu não ligava começam a me afetar.

Era infinitamente mais fácil encher a cara, dançar e rir de tudo. Fazer piada de tudo e achar que um dia as coisas iam entrar nos eixos por conta própria. Era mais fácil acreditar que nós todos ficaríamos juntos pra sempre, saindo juntos, compartilhando a vida e os acontecimentos. Mas chega uma hora em que isso tudo acaba, as vezes chega até uma hora em que isso tudo cansa. E agora eu me sinto longe, mas sei que não sou só eu: Todo mundo se afastou de alguma maneira, e o "grupo" não existe da maneira que existia. Juntar isso tudo me deixou meio perdida.

De repente eu me olho no espelho e não me reconheço. Cadê a menina boba, que ria e animava os outros? Cadê a menina que não ligava pro mundo, que dava a louca e se divertia? Cadê a menina sonhadora, que acreditava nas pessoas? Parece que ela evaporou com esses tempos bons.

Não é que não existam coisas boas agora. Existem sim coisas muito boas na minha vida. Mas pra mim parece que quando todas as áreas não estão boas, a felicidade em uma só me pesa, me deixa triste por não estar tudo bem. Daí eu fico ríspida e ignorante, irritável. Eu fico num nível de tensão que eu não controlo. É que é difícil viver todo o tempo nesse clima "estou pisando em ovos", nessa coisa de fazer algumas coisas pra agradar, só pra tudo não ficar pior. Daí agora além de não ter a Puh pra conversar, eu também não tenho a minha mãe, porque ela surtou. Ela surtou e eu sei que se eu conversar qualquer coisa com ela, ela vai usar contra mim logo em seguida. E eu fico sem chão, porque eu não tenho com quem falar. Não, eu tenho sim, mas tem coisas pra se falar com cada pessoa. Coisas pro namorado, pra mãe, pro irmão, pras amigas. Eu tenho o irmão pra conversar, eu tenho o namorado, e eles são as únicas pessoas que fazem parte da minha vida de maneira boa nesse momento. E eu fico meio chateada, porque eu não quero colocar o peso de serem "meus únicos amigos próximos", porque esse tipo de peso detona qualquer tipo de relacionamento.

Daí eu fico pensando "ah, eu não vou desabar de chorar e pedir um abraço, eu preciso ser forte". Daí força pra mim é essa coisa de não dizer o que me incomoda na vida. Força pra mim é essa história de estar sempre sorrindo, mesmo quando grito e choro por dentro. Força é levantar a cabeça e andar, mesmo quando eu gostaria de estar dormindo. E nessa eu não descanço, eu não consigo dormir cedo nem acordar tarde. Eu ponho o celular pra despertar as 7 e meia, levanto as 8, depois de ter ido dormir as 4 da manhã. E eu fico que nem um zumbi cheio de olheiras, porque parece que dormir cedo é desperdício de tempo, e acordar tarde é vagabundagem. Eu não consigo relaxar porque eu tenho uma dívida a pagar, e mesmo sendo pro meu pai, isso me incomoda. Ninguém tem noção do quanto incomoda. Eu não consigo relaxar em relação a isso, e só vou conseguir pensar de novo em paz quando isso estiver quitado.

E então eu só queria que alguém não me falasse pra relaxar. Porque relaxar pra mim é sinônimo de fracasso. É sinônimo de desistência. Quando a gente relaxa, a gente desiste. E eu não aguentaria mais um fracasso. Por isso eu não posso simplesmente relaxar, abstrair e acreditar que tudo vai dar certo. Porque essa atitude foi a que eu tive a vida toda, e isso pra mim parece mesmo com desistir.

E agora eu tenho 21. Eu tenho 21 e me sinto nada no mundo. É difícil alguém lembrar que crescer não é a coisa mais feliz do mundo? É difícil alguém entender a minha sensibilidade em relação a essa merda toda e me dar um colo de vez em quando. Porque apesar de parecer que a minha vida é fácil, ela não é. Moro numa casa bonita onde não posso trazer meus amigos sem ter um estresse depois. Tenho telefone em casa e não posso telefonar. Tenho comida na geladeira e não posso comer. Tenho uma mãe que acha que coisas como chantagem e tortura psicológica são coisas normais no dia-a-dia. Recebo um dinheiro todo mês que passa longe de mim, a faculdade está atrasada horrores e eu não posso fazer nada pra consertar, porque não foi meu erro. E ela está no meu nome, logo, se der merda, quem se fode sou eu. Não tenho dinheiro pra ir até a esquina, tenho uma dívida pra pagar, um negócio pra fazer dar certo, comprei uma penca de vidros que não vedam e por isso já perdi um monte de dinheiro. É difícil entender que não é fácil?

Eu só queria conseguir relaxar um dia e dormir. Dormir sem medo. Dormir sem nervosismo, sem tensão. Dormir e levantar a hora que eu quiser. Eu só queria ter um dia inteiro de paz. Porque a minha cabeça está começando a não aguentar. Ela está começando a querer parar, e isso é sério. Eu esqueço o que estava falando no meio, eu quase não dou mais sorrisos sinceros, eu fico a beira das lágrimas durante o dia todo. Eu me sinto mal por dentro de uma maneira tão enorme que parece que não vai sarar nunca. E você que vai ler esse texto (porque só você vem aqui, e isso me dá mais paz de escrever), saiba que os momentos em que estou com você, LONGE da minha casa, são aqueles em que me sinto melhor. São aqueles em que eu chego mais próxima de me sentir em paz de novo.

E sim, isso foi um desabafo enorme e sem noção. Eu fui pensando e escrevendo, as coisas foram saindo sem controle. Mas desabafar é bom as vezes. Eu não conseguiria expressar isso tudo falando, então escrevo. Porque talvez escrever seja mesmo o melhor remédio.

Um comentário:

Luke disse...

Eu não sou muito bom para falar de problemas pois vivo fugindo dos meus. Faz tempo em que tento não esquentar minha cabeça com as coisas, e isso me tornou alguém sem inteligência para dizer as coisas certas. Com isso vou dizer a coisa mais sincera e a primeira que me veio a cabeça: minha casa sempre estará aberta para você, aonde eu ficarei feliz de tê-la ao meu lado e além disso sempre terá uma guitarrinha esperando por você. hehe

E você sempre poderá contar meu ombro, você sabe disso.

Beijos, gatona. Te amo (L)