segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"...e o passado é uma roupa que não nos serve mais"

Hoje parei pra ler e-mails antigos. É engraçado como o passado é realmente uma roupa que não nos serve mais. É como quando eu tinha uns 12 anos e cresci muito rápido: A maioria das minhas calças ficava pescando. A sensação de andar com calças curtas era extremamente desagradável. Assim são certas coisas que passaram.

Entre e-mails deletados e algumas risadas, achei as mensagens da editora da Capricho, e lembrei de quando fui selecionada pra participar da equipe de meninas que publicavam textos no site e na revista. Eu concorri, mandei meu texto, esperei desesperançosa o resultado. Mas eu estava lá entre as selecionadas quando ele saiu. Eu estava lá, pra todo mundo ver, e fiquei bolando mil coisas, pensando em como seria legal participar daquilo.

E então os e-mails da editora foram vindo, e eu fui perdendo a coragem. Eu nunca respondi nenhum, nunca segui uma pauta, nunca mandei uma matéria. Eu sei que escrevo melhor do que a maioria das meninas que estavam lá, e que com certeza meus textos iriam parar na revista diversas vezes, e ainda assim eu não escrevi nada.

Muitas vezes eu lia a pauta da semana, escrevia sobre o assunto, fechava o word e deletava o arquivo. Nisso se foi um ano, o "estágio" acabou e eu não tirei nada de bom dele. Eu me gabei por algum tempo de ser selecionada, mas e daí? E daí fazer parte se eu não ia realmente fazer? E aí foi que eu tirei a oportunidade de alguém que provavelmente queria MUITO mais do que eu participar. E aí que eu fui uma idiota de não mandar o que escrevia. E aí que eu percebi que ser escolhida é só o início do processo, e que tudo é muito mais que isso.

Talvez o bom de reler tudo foi ver que mudei. Acho que não sou mais tão idiota hoje em dia. Eu quis por muito tempo conquistar as coisas erradas, e com isso perdi diversas oportunidades. Oportunidades estas que não vão voltar, e que eu nunca vou saber como teriam sido. Mas mesmo assim, coisas que me fizeram crescer, nem que seja pelo fato de não tê-las aproveitado.

O passado é uma roupa que não nos serve mais. E eu vou sempre ser a menina das calças pescando. Mas a sensação desagradável eu deixei pra trás, no momento em que percebi que por mais que o passado exista, ele é apenas uma calça no fundo da gaveta do esquecimento. Amanhã é sempre um novo dia, e começar de novo é como comprar roupas novas: Bem mais agradável do que se lamuriar por não caber mais nas antigas.

Um comentário:

Gisele Carvalho disse...

Lindo seu texto... fiquei emocionada! Parabéns, bjs... Gisele.