quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Quero ir a um lugar que nunca fui e nunca mais irei e dar a louca. Quero ganhar um monte de dinheiro com qualquer coisa estúpida, e então comprar um terreno no interior e construir uma casa, tijolo por tijolo. Quero um lugar onde ninguém me ache, algum paraíso arborizado no meio da cidade, onde eu possa sentar e ler um livro e não ser incomodada por horas a fio. Quero que a cidade não sofra alterações, e que mais cicatrizes não surjam na forma de prédios modernos e ruas duplicadas. Quero que meu cabelo cresça muito rápido sem que eu nem perceba. Quero aprender um monte de coisas e conseguir um emprego legal. Quero um emprego, mas não quero entrar no sistema, não quero fazer algo que não goste. Quero fazer amigos e influenciar pessoas. Mentira, não quero. Quero só fazer amigos. Quero uma casa no campo, e eu já disse isso, mas é que essa frase soa realmente muito bem.

As pessoas não sabem dividir sonhos. Sabem apenas te incluir nos delas. Talvez você seja assim também. Talvez compartilhar seja muito mais difícil do que parece. As pessoas não conseguem deixar as outras falarem, e se sentem muito melhor quando ninguém tem opinião. Porque é muito mais fácil levantar a voz e se impor, enquanto todo mundo fica calado.

Está um baita dum calor nessa madrugada. São 4 e pouca da manhã e estou derretendo. Sinto minha cabeça esquentando no travesseiro, a cama ficando insuportavelmente quente, minhas pernas pedirem pelo amor de Deus por um balde de água fresca. Estava com vontade de ir a praia. Mas a preguiça e o medo de não estar estudando tanto quanto deveria me impedem de sair de casa e ir até lá. Nem precisava tomar banho, queria ir só olhar. Só curtir a vista e o som e as pessoas passando. Talvez se eu levar um livro de matemática ou química pra praia eu me sinta feliz. Talvez assim eu junte todas as vontades e fique tranquila.

Vontade. Será mesmo que dá e passa? Será mesmo necessário aprender a conviver com elas, dando vazão apenas aquilo que é aceitável no momento? Tenho uma porção de vontades ocultas, de sentimentos que guardo e que nunca vão sair. Eu tenho frio na barriga e arrepios quando penso em certas coisas que diria e faria e eu nunca vou dizer e nem fazer. Porque não cabe, porque não pode. Nunca fui de me conter, e agora me contenho. Concessões são necessárias para a verdadeira felicidade. Prazeres momentâneos são o que são, efêmeros, rápidos, dolorosos e devastadores. Eu não quero mais ser devastadora, eu já provei o gostinho do que é ser e não gostei. Aliás, confesso, gostei. Mas no dia seguinte o gosto na boca era amargo, então aprendi que não vale a pena. Vale mais manter essa calma, essa placidez. Vale muito mais.

Enfim, é isso. Eu falo demais. Pena que só falo demais quando to sozinha.

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