quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um dos meus miores medos a alguns anos atrás era virar uma pessoa básica. Uma dessas pessoas que ouvem músicas calmas e saem na rua de jeans e camiseta. Eu tinha medo de não ser diferente, porque era como se a diferença fosse tudo que eu tinha.

Depois de um tempo, eu comecei a mudar sem perceber, e toda vez que caía na real, tentava voltar ao jeito que era antes. Chegava ao ponto de sair não me sentindo bem com o que vestia, de ouvir músicas que não gostava e ir a lugares que não faziam diferença nenhuma na minha vida. Até que um dia eu simplesmente me desliguei da idéia de ser igual ou diferente. Vai ver eu percebi que no final não faz diferença: Vale o que você é por dentro, pras pessoas que te conhecem e te amam. Vale o que você pensa de você, não o que os outros pensam.

Hoje sou uma pessoa que sai de jeans e camiseta, que ouve o que tiver vontade e anda de chinelo pela rua. Hoje eu não ligo tanto pra essas coisas como ligava a algum tempo, eu não vejo mais propósito em certas coisas que fazia.

Quando eu era adolescente, todo mundo me falava que aquilo tudo era fase, que com 20 anos eu não seria tão riot no modo de agir e me vestir. Me falavam que eu ia acalmar sem perceber, e que meu modo de ver a vida mudaria. Como todo bom adolescente, eu ficava ainda mais irada. Discutia dizendo que seria assim sempre, porque era a minha essência. Insistia que aos 20, 30 ou 40, continuaria me vestindo da mesma forma e ouvindo as mesmas músicas, porque aquela era eu.

Sim, eu errei em alguns aspectos, mas acho que acertei mais. Aquela era realmente eu. Era eu com 15 anos. A minha essência permanece, porque por baixo das meias pretas, dos coturnos e da maquiagem carregada, eu era a mesma menina boba e meio inocente com a vida que sou hoje. Eu mudei, realmente mudei, eu cresci. Mas de maneira alguma renego a pessoa que fui um dia. Eu acalmei mesmo, mas as minhas revoltas com o mundo são as mesmas, mesmo sabendo que a maioria não vai dar em nada.

Talvez o problema todo tenha sido a pressão pra não mudar. Enquanto todo mundo tem uma família que pressionava por normalidade, minha mãe brada frases como "você já foi estilosa", "você já foi mais legal" e coisas semelhantes. Com isso, sempre acabava me deixando levar e voltando a um jeito que não era mais meu.

Mas vai saber, talvez crescer seja mesmo isso. Se desprender. Pra quem sempre fez questão de ser extremamente diferente, ser normal é um puta desprendimento. E é exatamente assim que eu me sinto. E eu me sinto bem com isso.

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